Cólera

Nesse momento que ela entrou na sala, e conseqüentemente na minha vida. Parecia ser de outro mundo, de tão bonita que era. Fiquei a observá-la por minutos, até que fui interrompido por meu amigo. Fomos caminhar na praia, tomar uma água de côco, quem sabe não jogar um vôlei também. Íamos caminhando, normalmente teríamos papo pra vender, mas naquele dia era diferente, na minha cabeça não passava outra coisa senão aquela menina, dos olhos verdes, pele morena... Nossa! E no fundo meu amigo falando, como se fosse um som de fundo. Até que fui interrompido por ele me chamando a atenção, e continuamos a caminhar e beber. Era uma noite de sábado, logo, não ficaríamos em casa.

Saímos, fomos a um bar na Rua Consuelo, perto daqui de casa. Entre cervejas e cigarros, fora os papos escrotos e de visão machista, novamente pela porta entra aquela que me transformara em um zumbi. Fiquei estático, mas isso só no início, afinal, depois de algumas garrafas, não há tímido que se segure. Salientei com o povo da mesa que iria ao banheiro, mas na verdade ia ao encontro da menina de pele morena, quando ia me aproximando, meu coração disparava cada vez mais, parecia que ia explodir, finalmente, quando estiquei o braço para chamá-la, aproxima-se um rapaz e, a beija. Dos seus lábios saíram palavras que jamais esqueci. “Oi amor, demorei?” E dos lábios dela, as palavras que me matariam. “Nada, meu amor.”

Desnorteado voltei ao meu mundinho, – minha mesa de bar com um monte de homem – era como se eu tivesse perdido o grande amor da minha vida. E até hoje eu não sei. Na verdade nunca soube o que era amar. Dali pra frente, as coisas foram estanhas, me senti como um bandido invadindo a casa alheia na calada da noite. Eu namorava aquela menina da pele morena. Sim, eu a namorava. Sabia onde ela morava, sabia onde estudava e até onde trabalhava. Não tinha mais vida, ou melhor, tinha, minha vida era Ela – A menina dos olhos verdes. Com o tempo fui ficando cada vez mais sozinho, meus amigos já não me chamavam pra nada, não parava mais em casa, a não ser à noite para dormir.

Demitido, reprovado, devia ser a escória da humanidade. Mas não ligava, eu estava obcecado por aquela garota! Não sei como sobrevivia, mas acompanhava cada passo, cada olhar, cada respiração. Fiz tudo por ela, mandava rosas, caixas de bombons, ligava à noite, tudo devolvido, e as ligações eram desligadas “na cara”. A voz doce feito mel, me pedia para não ligar mais, nem mandar presentes, pedira que eu sumisse! Eu me perguntava o porquê, do meu amor me renegar daquela maneira. No fundo eu sabia, era aquele maldito, que se dizia namorado, mas, no entanto o outro era ele!

Era eu quem ia casar com ela, era eu quem a amava e era a mim que ela desejava. Por mais que ele a obrigasse encontrar com ele, nunca a teria, nunca! Marcava em cima, onde ela ia, lá estava eu a observá-la. Vigiando sempre, com quem estava, pra onde ia, queria saber tudo, afinal, este mundo anda cheio de crápulas querendo roubar a mulher da sua vida, não concorda? E eu estava certo, um dia eu fui até a sorveteria, e lá estava com aquele meu rival, senti meu coração explodir de cólera! Quase fui até lá e quebrei-lhes a cara, mas como um bom cavalheiro, mantive a pose. Passei em frente a sorveteria, e ela fez com que nem me conhecesse. Só fez com que minha cólera aumentasse mais, tanto por ela, quanto por ele. Prometi que não permitiria esses encontros às escuras com ele.

Mandei-a uma carta, nela continha: “Meu amor, peço desculpas por quaisquer coisas que tenha feito a você, peço desculpas por tudo. Junto peço que não se encontre mais com aquele crápula, aquele cretino, que finge ser seu namorado, enquanto o outro é ele mesmo. Prometo me comportar, mas quero que você faça o mesmo, e o deixo para sempre, venha morar comigo, ou melhor, vamos fugir, vamos viajar pelo mundo, te quero meu anjo, e sei que você também me quer, vejo isso nos seus olhos, desde o dia em que a vi entrar pela porta daquela sala, lembra? Foi lá onde tudo começou, onde começou nossa relação, nosso amor. Expulse-o da sua vida, vamos ser só nós! Eu te amo, muito, sou capaz de tudo por você! E se você me largar por aquele homem, não sei do que sou capaz de fazer. Se eu não continuar a tê-la, ninguém a terá!

Com amor, com carinho, seu amor. L.F.A.”

Lembro de cada palavra, pois seriam as últimas destinadas a Ela. No dia seguinte, lembro que fui à casa dela, acreditando que ela me desculpara e o expulsara da vida dela, agora seria apenas nós dois. Enganei-me, os vi conversando em frente ao portão, primeiramente pareciam estar discutindo, depois de um longo papo, acreditei – agora acabou para ele – engano, se beijaram... Um sorriso imenso no rosto dela, ela ainda ria de mim, me fazia de tolo. Possesso corri para casa, em um baú, que se encontrava no porão peguei minha arma. Voltei à casa dela, toquei a campainha, apareceram, Ela e Ele, juntos!!! Minha cólera tomara todo o meu corpo, todo o meu coração, sem falar nada apontei primeiro para ela, um tiro, depois para ele, outro tiro.

Gritos, sirene, choro, lágrimas, o mundo acabou. Meu mundo acabou. A liberdade acabou hoje só me resta está cela, papéis, lápis, borracha. Não tenho amigos, mãe, pai. Nada! A não ser a lembrança daquela menina, da minha loucura por ela. Nunca soube o que foi o amor, tentei descobri com a morena, mas só consegui a loucura, nunca saberei o que é amar, mas hoje descobri o inferno, acredito que amar é estar em lugar ao contrário do que estou. Como diriam: “Love is heaven”.

E com certeza eu nunca estive no paraíso, mas a certeza que nunca saí do inferno, desde o dia em que a vi entrar pela porta daquela sala.

T Greg
Enviado por T Greg em 14/11/2010
Código do texto: T2614436
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