'Ele'
Era um dia normal. Ele, como sempre, estava a caminho da escola. Geralmente, sempre ia conversando com alguém, que também estava a Caminho da escola, assim como ele, porém, hoje, ia lendo. Ultimamente, ou ia calado ou lendo. Tinha passado de uma vida de computador - escola - cama, para uma vida de total leitura. Tinha descobrido a 'graça' de ler. Agora, percebia que o livro o desafiava, ou até mesmo irritava sua imaginação. Tinha percebido a diferença de ver um filme e ler um livro. Como ele mesmo pensava, o filme te dava tudo pronto, você só tinha que assistir, o livro só, apenas, descrevia, você criava o personagem como você o imaginava.
Todos agora o achavam estranho. Quase não se comunicava. Passava o recreio dentro da sala, lendo. Não conseguia parar, era quase como - se já não era - um vicio. Quando pensava: " Pararei de ler neste capítulo", o texto o prendia, o chamava mas atenção do que o que estava acontecendo lá fora. Mas quem não pensaria assim. Era apenas mas um dia comum de estudo e, apenas, 15 minutos de recreio. Ele não tinha curiosidade de saber o que acontecia fora da sala. Apenas imaginava o que acontecia no livro, parecia hipnotizado, não conseguia, ao menos, desviar o olhar, tinha medo de que esse mero segundo de perda de atenção desmanchasse sua perfeita ilusão. Ele sabia que os que o cercavam haviam notado sua mudança. Mas o que um livro - quero dizer mas do que um, até mesmo vários - faria de mal. Era apenas uma leitura, que a partir de agora tinha se tornado rotineira. Começaram as perguntas sobre o que havia acontecido comigo, não, quero dizer com ele. Sim, caros leitores, ele tinha se cansado da rotina, da mesma sugação, é isso mesmo, da exploração que o cercava. Tinha se cansado de apenas interesses. Quem pensava que os grupos eram sempre unidos. Você pensou que essa parceria, entre ele e colegas, só geraria bons frutos? No começo até ele pensava assim.
Havia se distanciado, se excluído, como alguns diziam. Agora preferia passar o tempo lendo, do que perder uma tarde com os colegas, ou até passar uma tarde inteira escrevendo, mas necessariamente, digitando.
Como a vida 'dele' ainda não acabou, vamos ver no que essa história vai dar.