Esperando pelo buquê
Esperando pelo buquê
Ela estava parada olhando para a porta fechada. Apenas segurava a respiração o máximo que agüentava, para saber como era quase morrer.
Não era o que estava procurando, é claro. Não era uma tentativa de suicídio. Era algo muito longe disso. Era simplesmente para saber se estava viva. Na verdade, estava desesperada. Tinha feito tantas escolhas, e não sabia de fato, se queria tudo aquilo.
Queria alguém para segurar a sua mão, naquele momento. Precisava insistentemente de alguém, mas ninguém era suficiente, isso ela sabia. O que procurava então?
Deslizava os dedos indicador e médio da mão esquerda suavemente sobre os lábios inferiores, como sempre fazia quando estava nervosa, ou pensativa, ou aflita, ou simplesmente vagando naquele mundo distante.
Não se dava conta de que aquele gesto a denunciava sempre. Era sempre isso o que fazia ele se aproximar e perguntar se estava tudo bem. Era isso, então. Era ele. Ele era a resposta?
Mas essa resposta não era suficiente. E por quê? Por que nunca é suficiente? O que ela procurava afinal?
Deveria apenas se acostumar com a idéia do vazio e a falta de explicação? Nada iria mudar se soubesse da resposta, isso ela sabia. Sua mãe havia lhe alertado, nada faria a menor diferença.
Abaixou as mãos lembrando que estava estragando a maquiagem. E olhou para os dedos. Mais especificamente para as unhas. Estavam estranhamente lindas. Bem pintadas. Suspirou.
Pensou na vida da mãe e se perguntou se ela era feliz. Se todos eram felizes. Ela dizia que sim. Mas era verdade? Por que as pessoas sempre escondiam que são infelizes? Suspirou mais uma vez.
Começou a se lembrar da infância. De uma vez que a mãe a obrigou a ser dama de honra de um casamento. Tinha apenas 14 anos. Tinha ficado linda. Infelizmente entrou na igreja com expressão de emburrada. A noiva, sua prima, extremamente elegante e madura talvez, fingiu não notar. Ou não notou mesmo, devido a tanto estresse e tanta felicidade pelo evento.
Por que as pessoas se casam mesmo?
Por quê?
“Por que estou aqui parada, esperando pelo buquê?”