Ah, o Verão

A primavera nem bem chegou e já enfrentamos um calor escaldante, digno de banhos de mar no litoral catarinense, chopes cremosos e gelados, belas pernas em biquínis minúsculos, futebol de praia ao cair da tarde. Faz-se tardes melindrosas, quentes, quase que insuportáveis, com vento minuano e frio nos primeiros acordes da manhã. E estamos no Rio Grande do Sul, estado friável, de neve, ainda que apenas no inverno.

Confesso, o verão tem prazeres irresistíveis, irrefutáveis. Usufruímos ao estilo Adão e Eva, quase que nus. As peles se tornam ainda mais morenas, torneadas, com refrescor do sol, bronzeadores e caipirinhas. Os pelos, pelinhos, se douram. Barrigas endurecem. Cabelos alouram. Pernas se curvam.

Mulheres adoram caipirinhas, se deliciam na vodka, gelo, limão e açúcar. Pedem canudinhos e ainda colocam uma florzinha a tira colo na beira do copo. São damas. Seguram-no com suas mãos lisinhas, de unhas vermelhas arquitetadas em manicures. O segredo masculino é fazer uma boa caipirinha, nada fácil, diga-se de passagem.

Nós, homens, os brutamontes, neandertals, apreciamos cervejas, amargas, sempre geladas. Temos as preferidas, mas tomamos qualquer uma. Preferimos geladas, mas também tomamos quentes. Dispensamos os copos, preferimos gargalos. Gostamos de rodas de amigos, mas também bebemos a sós.

Sou um apreciador do inverno, da sua magia, dos casacos, um vinho tinto, lareira, filme e vigor. Mas como não posso escolher, vou assim, meio sei lá, aproveitando o verão.