SOCORRO! QUE BICHO É ESSE?
Apesar da barulheira infernal, elas são quase invisíveis. Tu ouves o som, procuras, procuras e não achas. Os verões perderiam sua característica sem elas. Aqui no Sul, pelo menos, onde as estações são bem definidas, elas se assanham no verão. No inverno não sei o que fazem... Devem se esconder como as baratas (e vivem de que?).
A única vez que vi uma cigarra "cara-a-cara", quase tive um infarto, pois pensei tratar-se de uma barata. Ela estava no chão, bem quieta, enorme, parecia morta. Já que ela estava quieta, estufei o peito, me enchi de coragem e cheguei pertinho. Ela me deu uma mirada com aqueles olhões, bateu as asas e passou raspando rente minha cabeça. Socorro! Caí no chão, literalmente, gritando feito bezerro desmamado. Machuquei a perna, mas ela devia estar também machucada, pois o vôo foi curtinho e logo ela estava no chão novamente. Chamei minha mãe, que é valente, e ela disse tratar-se de uma cigarra! Que decepção! Cantando que nem a Whitney Houston e com aquela aparência de barata! Desse dia em diante, se estou debaixo de uma árvore e uma cigarra canta eu... corro!
Descobri que as cigarras, até um determinado ciclo da vida, vivem no chão. Depois sobem nas árvores, tornam-se adultas e prontas para o acasalamento. Aí começa a festa... A cantoria ensurdecedora, feita pelos machos, é um chamamento à fêmea. É a paquera das cigarras! O barulho é tão grande que até elas se protegem contra o volume de seu canto. Macho e fêmea possuem membranas que funcionam como orelhas, que se dobram quando o macho canta.
Se alguém já tentou pegar uma cigarra, deve ter observado que, quando ela foge, costuma "mijar". Dizem que ela está "dando o troco", mas na verdade ela está eliminando líquidos para ficar mais leve e poder fugir. Bem, esse detalhe eu não notei durante a minha aventura com a "cigarra Whitney". Até porque eu estava assustada demais e, por um triz, quem quase elimina líquidos, para poder fugir, sou eu...