Zumbido da Noite
Um zumbido corta o ar. A vertigem domina. Vontade de cair no abismo do esquecimento, em busca de sossego.
Silêncio.
O zumbido continua. Que maldito barulho é esse? Talvez seja a vontade de resistir. Ou talvez a vontade de se jogar, de uma vez por todas, nos braços da Noite.
Barbitúricos para dormir, anfetaminas para acordar. Drogas (legais) para viver. Assim, os dias vão passando.
Cansaço, discórdia, conflito. A turbulência da minha vida se acalma com um punhado de comprimidos e um copo d’água.
E a Noite chega novamente, suave e abruptamente. Caio em um ligeiro esquecimento, mas a Manhã sempre volta, e arranca-me dos braços de Morfeu. A razão sempre volta. O que somos nós sem a razão, afinal?
O zumbido volta. Abro os olhos, ainda está escuro. No entanto, já é dia. Dia de trabalho, de suor, de mulatos estressados e mestiços apressados pelas ruas do centro. Dia de estudo, de produção, criação. Hora da labuta, da ação, do movimento. Gosto da inércia, não sei porquê.
E quando batem as 18 horas, a massa exulta, liberta. Fim do dia, fim do trabalho. Hora da inércia. A Noite retorna.