NUMA TARDE QUALQUER



Assentado numa mesa de lanchonete, ao ar livre, observo a chegada do catador de papel. Passou por mim puxando uma carroça de uns três metros de comprimento.
A seu lado, um cachorro sadio, lindo, preto, coleira bem conservada. Deve ser seu único e melhor amigo nesta capital, Belo Horizonte. É um contraste extraordinário: - O catador de papel e a capital!

No final do espaço desta calçada larga tem uma meia parede de onde reinicia outro passeio, uma calçada menos larga. Num relance, usando a carroça e a meia parede, armou uma tenda, diferente mas dá pra dormir e creio que, para ele, tornou-se bastante acolhedor. Não é um “sem teto” disputando lote, muito menos um “sem terra”. É um brasileiro trabalhador, sério, consciente de seu “status” de ser humano.

Fiquei pensando: - O que ele ganha durante todo o dia, muitos gastam em segundos. Tenho a firme convicção de que para ele o dinheiro, o pouquinho que ganha, rende muito, muito mais, apesar dos pesares...

Amanhã é outro dia, novas observações. Peço a conta, despeço-me e saio caminhando devagar pensando ainda no meu “catador de papel” e no seu único e melhor amigo, o cachorro lindo, preto, bem nutrido. Um cachorro de dá inveja!

Karuk
Enviado por Karuk em 10/10/2006
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