A TURMA DO TAIO



Mais parecido com uma barraquinha, o carrinho era feito de madeira. Desfilava todos os anos nos festejos carnavalescos. Alguém empurrava. Penduradas, à exemplo de varal de roupas, muitas garrafas de pinga e um barril de 20 litros da dita cuja. Alguém fornecia o combustível e, antes de terminar o desfile, o barril estava vazio e as garrafas também. Dentro, dois passageiros eu não deixavam para menos. Entornavam pra valer! Um, bastante aleijado e o outro era paraplégico, usava muletas enquanto que seu colega caminhava pelas ruas utilizando as mãos e arrastando o bumbum. Esse nunca quis uma cadeira de rodas. Várias foram oferecidas e todas essas gentilezas ele recusou.
Um ano resolveram que essa turma, havia mais gente além desses dois descritos, iria abrir os desfiles das Escolas, Blocos e começaram a comemorar antecipadamente. Chegou o tão esperado dia “D”. É hora de descer a avenida. Todos a postos e lá vai, devagar pela rua, o carrinho do Taio. E os dois passageiros, antes mesmo do sinal de largada, já estavam prá lá de Bagdá... no meio do desfile, o inesperado: o carrinho quebrou esparramando pelo local as garrafas que se estilhaçavam ao caírem no chão.
O desfile recomeçou após uma hora de interrupção. Era mesmo uma turma para ninguém botar defeito durante o carnaval. Fora desses dias de Momo, eles treinavam, para o próximo ano, em algum boteco da cidade.
De outra feita, quase no mesmo local, sai de dentro do carrinho com o rabo esfumaçado o saudoso aleijadinho. Deviam estar entornando algumas e ao acenderem o cigarro a coisa ficou preta e queimou...
Mas, a festa não parava. Seja lá qual fosse o acidente, a farra da turma continuava e nunca ouvi falar em agressões que tenham sofrido ou praticado!
São tempos que já vão sumindo das lembranças e entrando para as páginas dos livros que “contam que...”


Karuk
Enviado por Karuk em 10/10/2006
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