Mr. Egoetílicuman, O Grandiloqüente das Madrugadas Perdidas.

Na verdade ele só tinha coragem mesmo quando estava bêbado ou bebendo. Fora disso era um covarde pusilânime, desses tipos falastrões beira de esquina.

Quando no auge da embriaguez, pronunciava todos os tipos de impropérios contra tudo e contra todos, numa coragem épica, gesticulando e esbravejando. Defendia teses que nem sequer sabia, contava as mais mirabolantes e geniais aventuras de seus dias, como que um escolhido pelos deuses para sentir os sabores e dissabores da vida, e que sempre saía por cima, vitorioso.

Não se cansava e estava à frente de tudo, como um pseudo-líder, mas, quando o bicho de alguma forma pegava de vez, ele recolhia o rabo e se escondia em becos e bueiros a fim de perscrutar o ocorrido e ver se pegava algo no ar que lhe garantisse algum “grandiloqüente” comentário seu no dia seguinte, quando de volta ao mundo dos ébrios, loucos e drogados.

Quando com um copo de bebida na mão, busca a qualquer custo ser o centro dos acontecimentos, das atenções. Não buscava amigos, mas companhias e platéias que lhe servisse como massageadores de ego. Era engraçado, quando não se era a vítima dos ataques.

Todas as noites saía de casa em busca de álcool e pessoas às quais pudesse dialogar, ou melhor, expor os atos e fatos de seus dias. O que fez, como fez, qual a utilidade, os comentários, os elogios (jamais as ofensas), os prêmios, e de como ele era simplesmente o máximo, quem sabe o maior dos homens que já pisou na face terrena.

Gostava mesmo era de feriados, pois eram as únicas oportunidades de reencontrar antigos conhecidos, assim um prato cheio para suas investidas. Trazia recortes de jornais, revistas, fotos e tudo o que pudesse realçar a sua magnanimidade.

Mas sempre pelas manhãs, às vezes tarde, voltava ao seu estado de inseto, mais um Gregor Samsa trancafiado dentro de si mesmo, num quarto escuro, e com medo...

SAvok Onaitsirk, 16.01.10.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 11/11/2010
Código do texto: T2609243
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