Sonhos de uma criança
Anoitecia e do alto do morro o menino avistava a cidade que aos poucos ia se cobrindo de luzes, transformando-se num cenário que muito lhe encantava. Tudo parecia ser mágico naquele instante, mas mesmo tanto encanto e magia não ajudavam-lhe a esquecer o quanto aquele mundo era distante da sua realidade.
Morava num barraco, num humilde lar, onde as condições de vida eram precárias, convivendo com as inúmeras situações e dificuldades, que obrigaram-lhe a desde muito cedo a ter que trabalhar para ajudar no sustento da família. Tornaram-se guerreiros ferozes na luta pela sobrevivência e tentavam impedir que a fome, que tantas vezes se fez presente, novamente ditasse as regras.
E em meio a tantos sofrimentos, o menino queria saber como era possível num país de muitas prosperidades e farturas, ter famílias como a sua em constantes dificuldades, sem direito a alimentação, vítimas da miséria? Como pode um país tão cheio de riquezas ter um número assustador de indigentes, esquecidos e a viver numa realidade dura e crucial?
Eram perguntas para as quais respostas não tinha, mas mesmo assim ele mantinha os seus sonhos e a vontade de vencer. Tinha fé, esperança e sonhava com um novo tempo, esperava por um futuro melhor, que fizesse com que a sua vida sofrida ficasse somente no passado. Ele tinha sonhos. E ainda era uma criança.