Pode 1 pessoa mudar a vida de 50 mil? (Paul McCartney)

Pode 1 pessoa mudar a vida de 50 mil? Paul McCartney provou que sim. E em 3 horas. Fiquei até hoje tentando achar argumentos pra descrever o sentimento meu e de todos que foram ao Beira-rio naquela tarde/noite de calor brando, de clima perfeito, de estádio cheio, de paz... e o que mais escutei foi: O show do Paul McCartney mudou minha vida. O show do Paul McCartney mudou a história de Porto Alegre.

Foi como se Van Gogh tivesse vindo expor suas obras no MARGS. Foi como se Sócrates tivesse vindo dialogar sobre filosofia na Redenção. Foi como se Einstein tivesse vindo dar uma aula num prédio da UFRGS. E, por que não dizer, foi como se Jesus Cristo tivesse vindo dar o Sermão da Montanha ali no Morro Santa Teresa.

As pessoas vão perguntar pra qualquer porto-alegrense, onde tu estava no dia em que Paul McCartney tocou em Porto Alegre?

Bom, vou dizer onde EU estava. Mas antes preciso dizer onde eu estive.

Organizei tudo por e-mail, com mais 2 amigos e 2 amigas. Chegaríamos na quinta-feira, mesmo com todos dizendo que éramos loucos, que eles chegariam no domingo e ficariam ao nosso lado, que não valia a pena, etc... todos calaram a boca. Levamos uma barraca, cadeiras de praia e 5 litros de cerveja Heineken. Quente. Chegamos e nos colamos com conhecidos, que agora são irmãos. Porém, havia uma barraca na nossa frente. Com o tempo e as novas informações (mal dadas), percebemos algumas coisas: 1- A pessoa da barraca da frente teria mais 10 amigos por chegar.

2- Havia outro portão do outro lado do Beira-rio que nós, do Gramado Premium, poderíamos acessar. E fizemos a escolha certa. Fomos pra lá para sermos os primeiros da fila.

A nossa fila foi a única que teve organização, pois nós mesmos fizemos uma lista com a ordem de chegada das pessoas, pra não acontecer furo. Outra sorte que demos de estarmos deste lado é que, além de termos entrado antes do outro Gramado Premium (portão aonde estávamos), Paul McCartney e a banda passaram na frente do nosso portão duas vezes, no sábado e no domingo (veja aqui -> http://www.youtube.com/watch?v=f8u9MfSfbWE). Além disso, na sexta-feira, eu percebi que estavam trazendo os equipamentos pelo portão ao lado do nosso e, com meu terno preto, engravatado, celular no ouvido, me fui Beira-rio a dentro. E pela primeira vez, antes de todos, tive a visão do grande palco. Caminhei, tirei fotos. Foi fantástico.

Enfrentamos vento na primeira noite, frio glacial na segunda e calor infernal na terceira. No dia do show, Paul passou abanando na minha frente. Já foi motivo suficiente pra eu me acabar chorando, de forma que não consegui ficar em pé. Começaram as emoções.

Quando entramos, foi uma corrida de cavalos! Eu, como já tinha visto como era o local do grande evento, sabia direitinho por onde ir e fui o primeiro a encostar na catarinense Ana, nossa amiga que era uma das 200 pessoas com ingresso VIP. Até a hora do show, mais algumas horas de dura espera no calor...

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O SHOW DA VIDA

Decidi ser baixista porque li na contracapa do disco Beatlemania (versão brasileira do With The Beatles) que o Paul era baixista. Isso aos 10 anos, já sendo fã de Beatles desde a barriga da minha mãe.

Quando Paul McCartney entrou no gramado do Beira-rio, pude ver bem todas as expressões faciais daquele que sempre foi meu Deus, meu guia, meu caminho, minha verdade e minha vida. E notei que ele se impressionou com tanta gente, tanta juventude, tanta Beatlemania (ou McCamania?). Além das frases em português e gauchês, como “mas bah, che!” e “tri legal!”, Paul, o Sir Simpatia, ganhou o público rio-grandense quando entrou no palco com uma bandeira do Brasil e o público (como sempre) reagiu gritando “Ah, eu sou gaúcho!” e ele acompanhou!! (vídeo -> http://www.youtube.com/watch?v=X4v2xbp86dU). Provou pra muito músico babaca que não precisa ser arrogante pra ser um ídolo. No fim, ainda chamou ao palco duas gurias que pediram pra ele autografar o braço delas, pra fazerem uma tatuagem. Uma delas, pasmem, A ANA!!! Sim, depois de muito insistirmos levantando o cartaz, Paul leu e chamou-a para o palco. E ela era a que mais merecia, afinal, sendo VIP, podendo chegar só ao meio-dia do dia do show, ela ficou com seus amigos catarinas lá desde quinta também. Estava completo todos os nossos desejos.

E eu sempre vou me lembrar de como eu caí no chão de tanto chorar lembrando do meu pai em The Long And Winding Road, das entrevistas que dei por ser um dos primeiros a chegar, pelas fotos que tiravam comigo pela minha roupa meio Sgt. Peppers, de como eu chorei abraçado no Fabrício (como se estivesse abraçando a todos meus amigos naquele momento) em Here Today, de como as pessoas se cumprimentavam e pulavam de alegria por estar vendo Paul, dos fogos que quase me queimaram o rosto em Live And Let Die, da felicidade da Aninha, do show de papel picado que fez nevar em verde e amarelo no Beira-rio durante alguns minutos, enquanto todos choravam e se abraçavam após o show.

Mas, principalmente, vou lembra que Paul McCartney mudou a vida de todos e a vida da cidade. E provou que, como ele diz na música The End, “o amor que você recebe é igual ao amor que você dá”.

Obrigado, James Paul McCartney.

Fábio Grehs
Enviado por Fábio Grehs em 10/11/2010
Reeditado em 10/11/2010
Código do texto: T2608421