Crõnicas da nova era VIII - Multi-ciência
O mesmo fenômeno ocorre com as ciências. O enorme desenvolvimento científico ocorrido durante o século XIX acarretou uma espécie de cisma, ou babel científica. Foi especialmente naqueles tempos que os cientistas começaram a se especializar em um único ramo do conhecimento, permanecendo alheio aos demais. Dessa maneira, foi desenvolvida a física, a química, a biologia, e, no geral, todos as grandes áreas do conhecimento. Durante o século XX, as tendências de especialização foram ainda exacerbadas, atingindo limites próximos do absurdo, caracterizados por uma ultra-especialização que fragmentou a ciência em sub-sub-ramos minúsculos nos quais os especialistas mergulham alheios a todo o restante do conhecimento desenvolvido diariamente.
A nova era deve alterar isso. São, principalmente, as possibilidades técnicas dadas pela computação que permitem o surgimento do multi-cientista, capaz de se locomover através dos diversos campos científicos, de conhecer suas diversas linguagens, e restabelecer a comunicação entre áreas já nascidas em isolamento.
Contrariamente ao movimento anterior de cisão, ou de cisma científico, em que os especialistas mergulhavam cegamente em seus campos, desenvolvendo linguagem próprias de cada sub-área como se criassem verdadeiras seitas iniciáticas, ou rituais místicos compreendidos apenas pelos sacerdotes dedicados aos mesmos mistérios.
A nova era traz a unificação da ciência, que se dará lado a lado com o cisma, pois enquanto os ultra-especialistas permanecerão a executar seus rituais esotéricos, a ciência unificada perpassará todos os ramos do conhecimento unindo-os em um único grande campo, o científico. Será o desenvolvimento da física, espraiando-se por todas as outras áreas; ela transbordará pela biologia, derramando-se em seguida pela economia, sociologia e demais ciências humanas, abarcando, finalmente, todo o conhecimento em um único campo unificado a inspirar todas as mentes iluminadas.
Mas, tais campos não serão suficientes para conter a inquietação e o brilho das mentes da nova era, que se alastrarão por todas os âmbitos, engendrando ciências artísticas e artes científicas, frequentemente embebidas do conhecimento filosófico necessário para a reunião e aglutinamento dos mais variados ramos do conhecimento. Logo não haverá nenhum limite às atividades que uma mente livre poderá desenvolver. É exatamente essa a tônica da nova era!