Crise dos 40 e tantos...
Essa é uma crise tão falada e tão famosa que eu morria de curiosidade para saber do que se tratava. Achava difícil que pessoas coerentes, ativas, profissionais, bem resolvidas emocionalmente, passassem a ter problemas justamente ao completarem os benditos 40 anos.
Pois bem. Eu achei que fosse uma mulher ativa, coerente, profissional e bem resolvida emocionalmente, até completar os 40 anos. Neste momento as coisas se transformam de um jeito doloroso (literalmente falando) e é quando a pessoa descobre que tem joelhos, olhos, juntas, cabelos, falta de dinheiro, falta de amor, enfim... descobre que tudo o que sabe é que nada sabe. Um tanto socrático, porém real.
Começou com aquela dorzinha nas costas..... estranho, ela aumentava sempre que eu fazia um movimento brusco, ou insistia em bravuras como faxinas, ou longas caminhadas. Até que um dia, depois de andar muuuuuito na esteira (20 minutos), fui parar no hospital com um enorme torcicolo e dores espalhadas pelo corpo todo. Depois que o médico passou a receita e eu percebi que não conseguia lê-la, procurei um oftamologista......
A necessidade de caminhar na esteira veio de uma consulta com um cardiologista que detectou uma ligeira hipertensão e uma pequena deficiência cardíaca. Felizmente são só três comprimidos pela manhã, uma tonelada de água durante o dia e a dor nas pernas proveniente da esteira.
Bem...tudo isso aconteceu porque eu tenho que fazer uma histerectomia em função da endometriose que me assola desde a adolescência. Para o pré-operatório, foram necessários alguns exames que detectaram aumento no colesterol, na glicemia e em outras coisas que nem sei o nome. Enfim, deixemos quieto e vamos para o psicológico que não deve estar bom depois de tudo isso.
Aí eu pensei: O que vai acontecer comigo aos 60? Se todas essas pequenas doenças permanecerem em mim, sem filhos, quem vai cuidar da minha velhice?
E chegou a depressão. Aumentou quando perdi o emprego e descobri que não existem profissionais depois dos 40. E não se compra casa própria estando desempregada.
Tudo bem.....sempre se tem a chance de se levantar a auto-estima com uma paquerinha, uma cantada de alguém, um estímulo externo. Após uma olhada no espelho e a tentativa de vestir algo interessante, sobrou a sensação de que eu era um saco de batatas amarrado ao meio, bem brega e caipira, sem nenhuma condição de chamar a atenção de bofe algum. E então a depressão aumentou.
Mas... ei! Nem tudo está perdido. O meu homem pode levantar a minha auto-estima sempre, não? Afinal de contas ele ainda me deseja, ainda me quer, ainda me telefona (tudo bem, mesmo que seja para saber alguma informação) e ainda diz que sou bonita. Só que, nesse momento ele não está podendo me olhar muito..... está com a pressão alta, muito nervoso com a falta de dinheiro e preocupado demais com seu mundo após os 40.