O sonho de um homem ridículo

Hoje levantei cedo, mais cedo do que de costume e, por uma razão misteriosa que desconheço, tomei nas mãos, também sem saber porquê, um livrinho com dois contos de Dostóievski. Só me chamou a atenção o título de um deles (O Sonho de um homem ridículo), mas isso eu sabia muito bem porquê. Engraçado que demorei bastante até me dar conta de que já havia lido a história. Embora já tivesse lido, não me lembrava de nada, assim como continuo não me lembrando agora, apesar de ter rapidamente lido de novo antes de sair. Sei como tudo começa mas não sei como termina. Talvez não tenha lido de verdade e sim apenas passado os olhos. Será então, assim como seria para o homem do conto, que o livro foi para mim indiferente? Lembro apenas que o homem ridículo sabe que é ridículo, mas não assume sua condição. Para enfrentar sua existência, ele simplesmente faz com que o mundo desapareça. Mas lendo velhas notícias de velhos jornais não se pode notar o quanto as coisas são mesmo indiferentes? Tudo se torna ridículo quando visto fora de contexto. Eu só não decidi ainda quem é o ridículo em toda essa história.

Lili Maciel
Enviado por Lili Maciel em 10/11/2010
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