Bedelho Inoportuno
Na hierarquia administrativa, seja pública ou privada, há setores específicos para cuidar de cada caso, deixando o poder central para as decisões de maior responsabilidade. Entretanto, mesmo estando na cúpula do poder, há aqueles que gostam de meter o bedelho onde não deve, cerceando a liberdade de seus subordinados, a quem foram atribuídas, por delegação, funções específicas no seu nível hierárquico. Fica, portanto, sem autonomia, aquele que recebeu a delegação, quando o seu superior invade o seu campo de ação, sem prévia consulta do que de fato está ocorrendo. Ao invés de primeiro dirigir-se a quem compete resolver o problema, sai alardeando, emitindo opiniões sem conhecimento de causa. Isto provoca uma desorganização no poder de comando, gerando dúvidas sobre “quem é quem” na hora de tomar decisões. Pior ainda, quando o próprio subordinado reconhece o erro e seu superior fica querendo encobrir, ao invés de cobrar explicações ou exigir a correção das irregularidades.
Ninguém pode ignorar o dito popular de que “cada macaco em seu galho”. Verdade é que quem delega poderes não se exime da responsabilidade, mas ficar metendo o bedelho nas atribuições do subordinado sem antes conhecer a realidade dos fatos é uma intromissão descabida, dando a entender que a delegação foi dada a quem não merecia confiança para o cargo. Sendo assim, melhor é usar a caneta para demiti-lo do que usar a duplicidade de comando. Já dizia a minha avó: “panela que muitos mexem ou sai crua ou queimada, ou insossa ou salgada”.