Apagar, nem sempre é possível... (BVIW)
Um dia desses enquanto fazia uma limpeza em umas gavetas, encontrei um envelope antigo, antes de jogá-lo fora resolvi abri-lo e ver o que guardava por tantos anos. Fiquei surpresa e curiosa ao encontrar uma prova de matemática que fiz quando tinha sete anos de idade.
Acertei apenas duas questões das cinco, o que já deveria ser considerado um milagre, quando analisei o estado em que se encontrava a folha de papel amarelada. Como se voltasse no tempo, lembrei que não podíamos usar borracha nas provas, difícil de acreditar, mas é verdade! O lápis aliado desta péssima ideia era verde-escuro por fora e tinha um grafite roxo, que não apagava, nem com a mais potente das borrachas. Achei logo uma solução genial; apagar como o dedo, o que depois de certo tempo e pequenos buracos na prova, deixava a situação pior...
Para aliviar a tensão, quase sem perceber, mordia o lápis e os problemas só aumentavam, pois além da folha rasurada ainda tinha a língua e a manga do guarda - pó branco manchados de roxo. Depois me arrependia... o infeliz do lápis roído ainda tinha um gosto amargo. Naquele tempo se sujar brincando ou estudando não era prudente nem aconselhável.
Com respeito e certo alívio me despedi da folha e a joguei no lixo junto com os outros materiais recicláveis. Apagar o passado nem sempre é possível, mas às vezes é necessário se desfazer dele, ou até “reciclá-lo” para se viver melhor...