CRÔNICA – Caminhando na praia (II)

 

CRÔNICA – CAMINHANDO NA PRAIA (II) - ESCRITA EM 09.11.2010

 

            Agora entrosou mesmo, a caminhada de hoje quase que transcorreu de maneira tranquila. Interessante é que o tênis que havia descolado no calcanhar apareceu firme no lugar... Milagre!

            O grande problema foi a brusca parada de um táxi bem na beira da calçada, praticamente em cima de nós, passando da mão para o sentido inverso, cujo motorista me indagara, meio nervoso: “O senhor pode me dizer que horas são”? Olhei o meu preciso chinês de oito reais e constatei: -- Exatamente 05.23 horas. – Muito obrigado, respondera, e saiu rapidamente. Mas que susto dos seiscentos diachos!

Confesso que não entendi o episódio, porquanto nos carros de hoje em dia há relógio e som, equipamentos que nos fornecem tal informação a todo o momento. Pensando melhor, acho que o sujeito queria me dar um tiro e cair fora, não o fazendo por conta de ter visto a minha esposa, que seria testemunha, pelo menos da placa do automóvel. Depois do fato, o nervosismo tomou conta de mim... Fiquei torando aço, que coisa! Pra dizer a verdade, sujei a minha cueca. Pensei: Quem já viu um atleta borrado?

            Seguimos em busca da avenida principal. A mulher tentando me confortar, querendo que eu me esquecesse daquilo, mas como eu poderia se havia acabado de ocorrer, tudo estava bem fresquinho na mente... Paciência, não sou feito de pano, ainda pulsa em mim um pobre coração amargurado, como diz na música popular.

            Mais à frente, para surpresa, pude constatar que o problema da segurança no país dentro de pouco tempo vai acabar. Pois é, dois soldados da polícia (antes eram o Cosme e Damião, parrudos), um forte, alto e um bem mais modesto, baixo e magro; simplesmente estavam lanchando um abacaxi cada, provando que sabiam exatamente o que foram fazer naquele posto de vigilância. Coitados, não têm culpa de nada, pois garanto que aquilo não era fome, mas pura invenção, de vez que saíram de casa bem nutridos com uma farta e rica alimentação (salário digno, armamento potente, casa, comida, escola e saúde grátis), e cada um dirigindo seu luxuoso automóvel, correndo para não perder a hora daquilo que era seus empregos. Não quiseram trabalhar nas inúmeras fábricas inauguradas aqui neste rincão nordestino. Muito melhor ser militar rigorosamente treinados nas melhores escolas de segurança do mundo do que arriscar numa indústria qualquer.

            Prosseguindo: Mais à frente, uma banca de jornal com vários periódicos e suas manchetes em prol do povo: Ministro vai recorrer da decisão que anula o ENEM; Beneficiários de tarifa reduzida de energia elétrica perderão regalia; A conta d’água vai aumentar nos próximos dias; Governo decide não dar guarida a aumentos salariais, nem mesmo do STF; 1.200 vítimas do seguro obrigatório DPVAT vão ser atendidas por mutirão da Justiça (um favor, pois há processos que vagam por mais de três anos); PMDB não abre mão de cargos... E assim por diante. Mas espera aí, pra que se espantar, o discurso não era esse mesmo?! Um amigo me falara que num país menos civilizado esse doutor Haddad receberia uma medalha do mérito “ululante”, por ensinar ao povo que se deve cumprir determinação judicial.

            Sabe o que é engraçado? A gráfica teria se responsabilizado pelas falhas. O que é isso minha gente!  Quem vai pagar perdas e danos morais e materiais aos alunos que perderam tanto tempo e dinheiro com essas palhaçadas que se repetem todos os anos?! Uma pergunta: Será que no meio de tantos enganos (?) não haveria gente beneficiada por trás do pano com “gabaritos” já prontinhos para o uso ou mesmo redação muito bem escrita? (A notícia é que o tema vazou)... Mera intuição. O de que essas empresas necessitam é imprimir respeito aos brasileiros...

            Aniversário da dona da casa. Fomos ao Shopping Center. A patroa gosta mesmo de me levar para fazer compras, fica mais vantajoso o passeio... E aí já viu, presente pra todo lado. Antes da saída, entretanto, chega ao prédio um lindo buquê de rosas vermelhas, muito bem embaladas, que ela adorou. “Olha o que chegou pra mim, vem ver, só pode ter sido você”, chamou-me a dona da casa. – Que beleza, disse-lhe (claro que eu fora o remetente daquela formosura), mas mantive o sigilo, não lhe disse nada. Quando ela leu o cartão, desmanchou-se de alegria... e não poderia ser diferente, porquanto marido que manda flores está sendo figura muito difícil no mundo de hoje em dia.

            Eu havia saído com um amigo à noite passada, quando tivemos oportunidade de saborear um prato de camarão ao molho não sei do quê, assim como tomado umas cervejinhas geladas, suadas, a fim de afastar as mágoas. Entretanto, o pior acontecera, o resultado prático foi uma alteração intestinal, não um “chicotinho”, fato que me levou a procurar uma farmácia lá mesmo no shopping, em busca do famoso “Imosec”, que fecha mais do que “Coca-cola”. No primeiro estabelecimento, fui avisado de que a medicação estava em falta, daí eu pensei, me indagando: Será que defecaram tanto no período das eleições? Pode parecer que não, mas é a pura verdade... Foi bosta pra todo lado...

            Morri de contente quando tive de pagar dois reais por um copo d’água para tomar a medicação... E saber que no início desta década esse produto não ia além de trinta centavos por unidade...

            À tarde tive de ir ao angiologista, a fim de fazer um “ecodoppler” das artérias dos membros inferiores (ultra-som), pois retomar as caminhadas repentinamente deixara-me com os pés em fogo vivo: “Pode entrar, tome este roupão e vá vesti-lo aí nesse quartinho”, falara a recepcionista. -- Pronto, respondi. “Agora se deite nessa cama com o corpo bem reto, a fim de facilitar o exame”, mandou a doutora. E assim fora feito. “Por que o senhor está tão impaciente? – Ora, mexendo desse jeito na minha virilha o que é que pode esperar, respondi na hora. – Dentro de vinte minutos o resultado estará pronto. – Muito obrigado. – Agora tome esse papel e limpe toda essa gelatina das suas pernas...

             No caminho, minha mulher: "Escuta, você já depositou na minha conta o dinheiro da feira extra que eu fiz"? -- Ainda não, é que estou liso, rs. -- O seu liso é a minha escassez, dissera ela sem pensar...Caímos na gargalhada...

            Que dia movimentado!!!

 

 

Fico por aqui.

Em revisão.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 10/11/2010
Reeditado em 11/11/2010
Código do texto: T2607122
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