Mexendo com o passado.
Contar com a aprovação de pessoas mais íntimas é fundamental ao processo de maturidade, mas alguns se perderam na vida porque confiaram em mãos desequilibradas a sua realidade.
Em meu passado, ouvia uma anciã se vangloriar de falar da coragem de uma amiga que entregou dois filhos em terra em troca de um salvo em viagem marítima. Como outrora quem morria no navio era jogado no mar, essa criatura fez um pacto com Deus dizendo que entregaria dois filhos em terra se este chegasse vivo ao continente, fato que se tornou realidade mais tarde.
Cresci acreditando que aquilo era uma prova de coragem etc e tal, mas um dia dei conta do absurdo que era brincar com o que não nos compete. Por conseguinte, comecei sentir raiva de mim mesmo por me submeter a alguém assim, mas felizmente dei conta que eu também estava errado. Vejamos: eu era uma criança dando os primeiros passos em minha vida. Cada tombo que levava, não aprendia grande coisa porque meu referencial estava comprometido - para mim aquilo era o certo.
Resultado disso é que hoje tento fazer pazes com meu passado para viver o presente mas nem sempre,consigo. Aqueles eventos ficaram sedimentados de tal forma que volta e meia, sinto vontade de ser Deus e fazer parecido. Minha sorte e que aprendi a me livrar desses trastes lendo o livro da vida. Dói retirar tralhas do inconsciente por que estas lembram pessoas vitais para mim, mas melhor resolver isso aos poucos que estender esse comportamento a outras gerações. Viver faz parte - sofrer é opcional.
Manoel Cláudio - 10/10/2006 - 04:46h