Tomada de decisão
Uma decisão é muitas vezes um incômodo dilema. Exige que algo seja escolhido, em detrimento do rejeitado. E se permitimos que o tempo passe sem nos posicionarmos, esta terá sido a decisão: o silêncio. Muitas decisões são tomadas por não termos feito nada.
Nossa vida é cheia de decisões e indecisões. Do levantar ao repousar, do nascer ao partir, somos obrigados a escolher, definir, apontar. Algumas vezes, é possível que alguém decida por nós ou nos ajude. Em outras, somos nós e mais ninguém. E ainda arcamos sozinhos com as consequências da decisão (mal) tomada.
Creio que diante da necessidade de tomar uma decisão, todo mundo faz assim: lista os prós e contras, cada um com seu respectivo peso ou importância. Coloca tudo na balança e vê qual lado pesa mais. O problema são os ditos pesos! Ah, malditos!!! São dinâmicos demais, mudam seu valor a cada instante!
Uma hora, um ponto pesa mais, em outra, aquilo não tem tanta importância. Num momento, concluímos: “já sei, vou fazer isso”. E então, passam-se cinco minutos e pensamos: “não, não, é melhor fazer aquilo!” Vai e vem. Pontos novos disputam nossa cabeça com os já avaliados.
E os imprevisíveis então! Ah, as surpresas!!! Como saber? Como ficar tranquilo?
E tem também aquilo que nem podemos imaginar... Igualzinho quando vamos comprar ou alugar uma casa. Visitamos muitas residências disponíveis nas imobiliárias. E avaliamos cada uma pelo valor, estado de conservação, localização, metragem, adequação a nossas necessidades. Depois de escolhida a casa, nos mudamos para ela. Só então descobrimos os detalhes invisíveis antes da tomada de decisão. Pequenos defeitos e imperfeições vão surgindo, não tem jeito. Claro que o antigo morador, bom negociante, jamais nos revelaria estes probleminhas...
Ah, se pudéssemos fazer o “test-drive” em todos os caminhos possíveis em todas as nossas tomadas de decisões... a vida seria mais fácil. Seria mesmo? Seria mais previsível, isso sim. Mais fácil ou mais legal, não sei. Porque tudo é do jeito que é. Não tem jeito.
E bancar o eterno desconfiado tampouco resolve. Quem não conhece um sujeito que roda a cidade inteira fazendo pesquisa de preço e então compra o produto na loja em que está mais barato. E então, continua pesquisando para ver se fez um bom negócio.
Inútil. Porque só vamos ter a certeza se fizemos ou não uma boa escolha, depois de feita, quando as consequências já estiverem à tona e já não há mais tempo de voltar atrás. As decisões acertadas nos deixam felizes. As equivocadas nos deixam mais alertas.
(Catalão, 08/11/2010)