Omissão de Cidadania
Mais de vinte por cento dos eleitores brasileiros deixaram de comparecer às urnas nas últimas eleições presidenciais e de alguns governadores não eleitos no primeiro turno. A maioria sem motivo justificável. Alguns alegaram simplesmente o feriado, mesmo num deslocamento de pequena distância. Enquanto isso, ouvimos depoimentos de eleitores que se deslocaram de maior distância, gastando horas e horas de ida e volta, entre os diversos tipos de transporte que tiveram de pegar para chegar ao local de votação.
Com o resultado das apurações, eis a constatação de que em alguns casos a diferença de votos para o ganhador foi infinitamente menor do que o número de eleitores faltosos. Isto mostrou que se todos exercessem o dever de cidadania, poderiam até alterar o resultado das eleições. Assim, aquele que, a exemplo de Pilatos, “lavou as mãos”, não tem o direito de reivindicar ou reclamar do seu governante.
É lamentável que não se tenha a consciência de que querendo ou não, somos todos governados por políticos. Eximir-se de participar, sob a alegação de que “odeia a política” é permitir que se possa ferir a nossa democracia, conquistada com suor e lágrimas daqueles que ousaram combater a ditadura. O dia da eleição deveria ser comemorado como uma festa cívica, em que todos pudessem manifestar a importância do seu voto. E que a escolha fosse consciente e não influenciada pela pesquisa. Erram aqueles que pensam que perderam seu voto, quando o seu candidato não foi o eleito. Muito pior é pensar consigo mesmo: “sou responsável pelo malfeito que esse governante anda fazendo com seu povo”.