DOMINGO: COMPLEMENTO OU SUPLEMENTO?

 

Domingo é dia de descontração. Ninguém mudará esse perfil que se aglutina, em suas nuances, às diversas atividades que fazemos aos domingos, de acordo com o nosso universo cognitivo. A descontração deste dia acompanha, naturalmente, a leveza de quem se busca em si, deixando outras buscas para serem alcançadas na lógica do suplemento. Amor é complemento. Afeto é complemento. Fé, caridade, perdão, altruísmo são complementos. Suplemento é o filme, o futebol, o almoço com a família, a leitura do livro, etc. O que nos mantém vivos e saudáveis é complemento; o que nos ajuda a ser feliz é suplemento. Domingo é essa conjugação entre os dois sentimentos. Talvez possamos, com esses conceitos, fazer uma breve definição de felicidade: “a capacidade harmônica que temos que ter na conjugação dos nossos complementos e suplementos”.

Na verdade, domingo é um dia litúrgico. Um estado de espírito que podemos ter em qualquer dia da semana. Quando a gente está apaixonado, parece que todo dia é domingo – essa experiência eu já vivenciei, a despeito dos desmoronamentos posteriores que esse sentimento provoca. Contudo, o tempo constrói a nossa maturidade e, calejados, a gente encara novas paixões por outros ângulos de visão, de audição, de tato, de paladar.

Neste domingo, resgato um pouco minhas metades: complemento e suplemento se misturam, como um brinde a cidade serrana de Gravatá (PE) que se descortina aos meus pés. Neste caso, os morros que me cercam, o clima frio que me acolhe, permitem-me sentir de perto a mística domingueira, como se estivesse ouvindo a “Sinfonia dos dois Mundos”, de Dom Helder Camara.

Refletir. Tirar leite de pedras. Sorrir. Permitir-se ao beijo doce de quem amamos. Orar. Rezar. Tudo no domingo cabe desde que a alma “não seja pequena”, como no poema de Manuel Bandeira. E porque tudo cabe, a seguir uma mensagem que recebemos da net, mas que, a despeito do tom anedótico, dá pra gente refletir com bom humor:

P R O F U N D O:


Ontem, minha esposa e eu estávamos sentados na sala, falando das muitas coisas da vida.  Falávamos de viver ou morrer. Então, eu lhe disse:
Nunca me deixe viver em estado vegetativo, dependendo somente de uma máquina e líquidos. Se você me vir nesse estado, desligue tudo o que me mantém vivo, por favor!
Ela se levantou, desligou a televisão, o computador e jogou minha cerveja fora.