Minha flâmula
Determinadas etnias, ou algumas seitas, definem o destino dos filhos; escolhem o parceiro “ideal” para a pobre criança, que já carrega desde os primórdios tempos, a cruz que carregará no futuro.
A gordura do escolhido(a) é sinal indicativo de abastado, de futuro promissor, sem observar que promissor rima com rolo compressor, que, fatalmente alongará o tormento daquele(a) que, com ele(a), dividirá, o tempo que há de vir.
Exceto Deus, quem escreve destino por linhas tortas, ou circulares, estará escrevendo errado, em peso, gênio e tempo.
Em jantares que reúnem famílias, os fadados são colocados lado a lado, com cuidado, não deixando que facas ao alcance de um deles, permita que um nubente . transforme em de cujus o seu pretendente, por mais bonita que se fez a rima, os resultados seriam nefastos. A ceia já serve de prenúncio do que será o relacionamento depois de algum tempo; a gula faz do glutão(ona) gordo(a) (existe glutão magro?) um ensebado(a) parceiro(a), com mãos cheirando a frango, que ele(a) comeu por inteiro. Não peçam explicações do por que de tantas rimas, afinal o casal que está sendo montado não rima.
Se um dos dois cometesse um crime naquele evento de gulodice, a apuração do crime seria imediata, as digitais, gravadas a colesterol, como o leitão é rico em colesterol, ficariam, de forma indelével, registradas nas costas do outro(a).
Mais sem graça que dançar com a irmã, é dançar com uma entulhada que nos foi prometida, e nos bailes temos que, mediante coação, abandonar a mais linda do salão, para dançarmos com aquela que, de pernas cruzadas, tampa o joelho com uma bolsinha, esperando que as avenças familiares a façam girar pelo salão, pelo menos por uma vez.
Que tortura, não consigo acreditar que Santo Antônio, o padroeiro dos casamentos, tenha sido cúmplice daquele injusto acerto.
Até fingir dores de cabeça são recursos válidos para evitar contatos “afetuosos”, um beijo na prometida seria penitência para crimes mais graves; será que nunca mais farei amor?
Isto não é uma carta-testamento, não pretendo me suicidar, estou apenas justificando a razão de ter partido, com o par que eu escolhi, com a menina dos meus sonhos, e não com aquela determinada pela minha família, família que eu tanto amo, mas que não deve me amar tanto assim, pois eu sempre amei uma gatinha, e me reservaram um pedaço de toucinho
Na rabeira do meu carro, ao contrário de um faixa com “Recém Casados”, arrasto minha bandeira, com a seguinte legenda: Livre Arbítrio