Santo é o espelho da ilusão
Estamos cada vez mais reduzidos a convivência com o mundo fantástico. O mundo fantástico cria as bases da alienação social no indivíduo que de modo evolutivo identificou-se com a elaboração do homem perfeito, portanto santo. Tal ilusão modifica o mundo? Num exame de proporcionalidade não. Digo não porque numa guerra ambos os lados rezam, para depois partirem para o massacre. O que as forças sociais geram nessa contemplação é o desenvolvimento da representatividade política no campo da alucinação coletiva. Nosso desejo humano de nos vermos dentro da atmosfera uterina ganha ares de exterioridade em tais representações. Esse elo fica patente durante as campanhas eleitorais onde os representantes poilíticos batem a porta das instituições religiosas atrás de votos.
Na verdade as drogas empregadas por grande parcela da humanidade trabalham a subjetividade com grande eficiência mágica de resultado, afetando o metabolismo das economias de mercado. Individualmente as drogas são admitidas se se ligarem a um credo religioso tal a hipocrisia das relações de poder.
Ainda devemos considerar o quanto é cínico a identificação dos milagres partindo da seguinde consideração: morrem dez em onze num desabamento. O grande milagre será sempre produzido dentro dessa individualidade, com grande direito ao egoísmo da fé. Este é o aspecto respeitável dos milagres, pois não possui outra sigificação senão a de não ter sido a hora para quem foi objeto de exceção ao horror. Os demais, bem, são os outros e para eles não existiu nenhum milagre exceto o fim trágico.
Apenas o homem na face da terra tem o direito da alucinação coletiva. Essa exploração só pode ser compreendida diante do exame da solidão humana. A imaginação que mora dentro da solidão humana revela sinais para sublimação dessa carência anímica. Novamente os meios de comunicação que mantém o controle do imaginário das massas agem de forma a compactuar com tais manifestações primitivas do desejo.O desejo honesto de reestruturação da vida que é aproveitado pelos rituais.
O poder laico está perdendo cada dia mais o terreno no campo da educação informativa. Eis o inferno.
É mais fácil produzir ilusões de consumo sobre as injustiças concretas. No fundo o que existe é a enorme dificuldade de congregação das civilizações no terreno verdadeiramente poético.
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