NORDESTINOS: MATEM UM PAULISTA.
Depois que uma universotária de São Paulo incitou a morte de nordestinos por afogamento, a nação Nordeste ficou perplexa. A OAB-PE tomou providencias e caberá à justiça fazer sua parte. Enquanto isto não acontece, a gente também vai criar um slogan para matar os paulistas e paulistanos que vierem à nossa região. A nossa grande dúvida é a forma: afogados, queimados, à flechadas? Diante das dúvidas, sugeri que adotásemos as três formas, pois dependendo de cada pessoa e do seu perfil, a gente ESCOLHERIA a que fosse mais adequada. Explico: mataríamos afogados, aqueles que gostassem do turismo cultural mais sistemático. Afogaríamos todos com leituras dos nossos principais acadêmicos e literatos. Entre uma leitura e outra, conduzíamos todos aos principais museus, concertos clássicos e populares, além de visitas às nossas centenárias instituições intelectuais. Depois a gente os levaria para jantar nos melhores restaurantes de comidas típicas, cujos cardápios revelam os pormenores da nossa cultura gastronômica. Por outro lado, os visitantes mais jovens, mais chegados ao lazer, aos movimentos musicais, então queimaríamos todos, até que ficassem super bronzeados nas águas mornas dos nossos mares. Baladas, movimentos musicais Cult e underground, certamente completariam o ardor da quentura do nosso movimento lúdico turístico. Os rapazes bonitos e moças não menos belas, certamente SE encheriam de calor em pleno calçadão das nossas orlas tropicais. Beijos na boca “pega-pega e dá-me dá-me” incendiariam a moçada e o céu se encheria de festa, mais lembrando as fogueiras de nosso São João. À noite, pra fechar com chave de ouro, um forró arretado regado a caipirinha, não iria deixar ninguém sem quentão, sem incêndio na alma. A terceira alternativa seria matá-los todos a flechadas. Nesta modalidade, não há idade certa, nem tipo de turismo especializado. Apaixonou-se por aqui, lascou-se. Seja homem, mulher ou gay. Seja moço, coroa ou velho, beijou na boca a gente mata com as flechas do amor, da paixão, sem pena, nem dó, nem compaixão. Aqui, no Nordeste, a gente pode até economizar água, mas amor, tesão, não, com toda permissão gramatical do “eco”...
Nestas três modalidades de “morte” às quais submeteríamos todos os paulistas e paulistanos, fazemos um reparo: Paulistas, Paulistanos, Cariocas, enfim, brasileiros de mente sadia, aqui se queimam, bronzeiam-se com o nosso sol, afogam-se em nossas águas mornas e se deixam flechar pelas paixões desmedidas patrocinadas pelo cupido que se esconde em cada estado, em cada praia, em cada folguedo, em cada ritmo caliente como o nosso frevo, maracatu, caboclinhos, axé, boi bumbá e meu boi, papa angus, La ursas, coco de roda, forró, xaxado e baião, cavalhada, reisado, ciranda e tantos outros.
Ô Nor, deste? É isto que nós damos ao país, especialmente aos paulistas, a despeito da onda macabra e preconceituosa contra nós, por parte de uma ínfima minoria. São Paulo, pela sua pluralidade, certamente saberá ser singular na manutenção das identidades nacionais. Com certeza o gesto burro da universotária que incitou a morte de nordestinos por afogamento, nada representa nem traduz a vontade da grande maioria. Mesmo assim, devemos tomar as medidas cabíveis para que essa “bactéria” que pousa de universitária, não saia do seu próprio intestino para contaminar gente honesta, séria, inteligente e trabalhadora.
Por nossa parte, continuaremos matando os que nos visitam com o nosso calor, as nossas águas mornas e, acima de tudo, com a paz que a gente se acostumou para poder dividi-la melhor. Ingenuidade? Jamais!