É Amor Porque Dói
Sinto um amor tão estranho que nem tenho vontade de escrever. Isso é mesmo muito esquisito. Costumo dizer que qualquer sentimento forte é inspiração pra uma boa poesia, mas... Sei lá. Acho que esse é um amor tão incomum, tão incompreendido ainda que só desejo pensá-lo, e pensá-lo, e pensá-lo... E amá-lo. Sim, amar este amor. Olhar este amor. Admirar este amor. Não tenho vontade de falar nada sobre ele. Quero apenas sentir o que só o mesmo é capaz de me proporcionar: essa fusão de sentimentos tão adversos, que me empurra tanto ao medo quanto à segurança.
Gosto de flagrar-me pensando nele justamente porque dói. É na hora da dor que percebemos que estamos vivos, que somos de carne e osso, que os devaneios de outrora são, sim, quimeras reais. A dor é a fonte do amor. É lá que o amor se nutre, se hidrata e se revigora pra continuar a ser amor. Senão, que graça teria? Que amor seria esse se não doesse? Seria um amor de merda, isso, sim! Afinal, o amor não é "ferida que dói e não se sente"? Então. O amor só é amor quando dói. E é assim que sei que estou amando. Sinto dor agora. A dor da ausência, a dor do medo, a dor da insegurança, a dor da paixão... Enfim, as dores do amor! Há horas em que as feridas ultrapassam os limites do psicológico e geram dores físicas. Dói-se tudo: é cabeça, perna, braço, barriga, peito... Uma verdadeira surra de amor! E é bom demais quando dói assim, porque penso mais e mais em me internar neste sentimento, recebendo nas veias o soro extraído do teu coração, Victoria.