A RUPTURA
A RUPTURA
Não sabia como usar as palavras, de forma a não chocar, na minha brusca iniciativa de romper um relacionamento de vinte e cinco anos. De repente, parecia que havia nuvens dispersas em todas as áreas por onde transitasse. Uma sensação de inutilidade, de beco sem saída. A única explicação estaria no enfraquecimento desse caso de amor. Insosso, sem ritmo, vazio.
Então, enchi-me de lamúrias, deitei no sofá fingindo querer o que já não existia e, para que desse o exato tom, chorei como há muito não fazia. Como explicar a mim mesma de onde vinham as lágrimas se tudo era apenas um faz-de-conta?
Ele me olhou fixamente, levantou as sobrancelhas, e disse que ultimamente eu estava parecendo maluca e disso ele andava farto. Ainda frisou que, a bem da verdade, não tinha mais nenhum tesão por mim. Pior é que o danado estava bonito: jaqueta importada, perfume Calvin Klein... Fechou a porta e, através da janela, ainda o vi dobrar a esquina.
O quarto tinha o seu cheiro e uma perplexidade incomensurável tomava conta de mim, sem nenhuma cerimônia.