Crônicas da nova era VII - Características da nova era
Desde já, algumas características da nova era podem ser vislumbradas, como o desenvolvimento da multi-arte. Pouco tempo atrás, vários empecilhos entravavam as possibilidades de criação do artista, compelindo-o a se manter em um único campo, como o das artes visuais, ou da música. Havia quase uma imposição para que o artista se especializasse em apenas um campo, sendo raros os que ousavam desbravar duas ou mais formas artísticas.
Isto se devia, em grande parte, a dificuldades técnicas. Um instrumentista, digamos, violoncelista, necessita se exercitar durante várias horas ao longo de anos para se manter em forma, de modo que uma orquestra pressupõe um treinamento total diário superior às vinte e quatro horas diárias, somando-se o tempo de adestramento de cada um dos músicos. Por essa razão, entre outras, raros músicos dominam vários instrumentos diferentes, sendo necessário um maestro e um conjunto de músicos para executar uma sinfonia ou qualquer música de certa complexidade. Utilizando-se de um programa de computador para simular esses mesmos sons, no entanto, um único músico, mesmo pouco hábil, é capaz de executar sozinho um recital ainda mais complexo e diversificado que uma orquestra inteira. Note que tal possibilidade está aberta a todos, sendo necessário apenas algum empenho, e a capacidade e o desejo de se aplicar em tal tarefa, não sendo precisas as longas horas diárias de dedicação que o seriam, mesmo para o aprimoramento na execução de um único instrumento.
Fato análogo se dá com as artes visuais, cujas possibilidades estéticas foram fortemente ampliadas por numeras evoluções técnicas, especialmente as decorridas da popularização do uso de computadores.