Entre sons e sonhos

Acordo. Ou será que ainda durmo? Deparo-me diante o lugar mais lindo que já tive em toda minha vida. Nunca fui a uma praia, mais já vi muitas fotos, aliás, com a tal inclusão digital se vê muitos coisa sem ter apalpado. Mas, aquelas praias não se pareciam nem um pouco com essa, eram apenas simples praias.

Mais aquele lugar onde agora eu estava, aquela praia, não se parecia nem um pouco com a praia de fotos, na verdade ela nem parece uma praia. Ela tem algo em especial! Ele me hipnotiza me lembra as fantasias que costumava imaginar antes de embebedar-me no sono.

Nela não tem ninguém. E o pior parece que tudo se curva diante de mim. Essa praia não é uma praia, é um manancial, não! Também não, existe um mar, então resolvi chamar aquele fantástico lugar de praia pelo fato do mar bramar vorazmente na areia lavando os pés de 2 coqueiros que ficavam a direita de uma pedra. Pedra essa que me chamou a atenção. Era bronze. O Sol batia em sua superfície e refletia na minha pele. Nossa quase ouro, de outro mundo.

Paro, sinto a areia da praia esfoliar a pele de meus pés, caminhando as margens da paria sob o sol escaldante, sentindo a brisa fria eu vibrava com a sensação do calor da areia nos poros de meus pés, fito os olhos na paisagem, assisto cada movimento. O bailar do vento seco que se mistura com as gotículas de água das ondas que vem e bate no meu corpo e vou a êxtase. O vento continua e entrelaçar com as folhas das palmeiras quase fazendo uma sinfonia, acompanhada de lindas bailarinas. Ah, o meu cabelo, fica alvoroçado com todo aquele vento, parecia estar sem gravidade.

Estava pasma diante de cada mínimo detalhe. O que seria? Seria sonho? Seria realidade? Como fui parar naquele lugar lúdico? Nesse momento acredito em transladação, arrebatamento. Só assim poderia ter chegado aquele lugar sem nome. Sem período de verdade ou ilusão.

O mar era o que mais me encantava, era como um grande monstro que me tragava para seu seio. Era hipnotizador, as vibrações de cada onda me lembrava uma música, e eu baila livremente junto as ondas de água gélidas, que adentrava em cada centímetros de meu corpo de minha pele quente. E nesse momento percebo que estou nua. Como assim: estou nua!!! Mais logo despreocupo-me, já que estou sozinha na linda praia.

Derrepente, percebo algo, fico horrenda com a minha visão. Não estou sozinha. Meu Deus não estou sozinha! Existe um ser parece um homem, parece anjo, anjo sem asas, que de longe e tão imóvel que jurei ser uma estatua para completar, e era de uma beleza extraordinária, talvez seja por isso que estava naquela vislumbrante praia. Dou um passo em sua direção, sim aquele ser-homem, ser-anjo era mesmo de uma beleza enfeitiçadora tudo se movia em função de sua energia e ele continuava imóvel.

Chego bem perto dele, tentando não deixar ele perceber, meus olhos não conseguia compreender tamanha vicitude, como naquele lugar tudo é tão fantástico, mágico e ao mesmo tempo tenebroso , será que se trata de uma indução maligna? Será que todos os seres de lá são assim?

Agora estou um braço de distancia, E ele também esta nu! Será o tempo do jardim do Éden? Transito em pensamentos quando percebo um desenho sublime, magnífico, na qual as palavras de um poeta não conseguiriam descrever e nem um filósofo definir ou decifrar.

Nas costas daquele homem-anjo, anjo-moço, tinha um desenho tatuado que o deixava mais diferente, mais anjo do que homem, ia de seu pescoço até a sua ultima vértebra estendendo na dinâmica de toda sua largura, seu último prolongamento terminava na altura do sacro.

Mais Erro, confundo tudo. Aquilo não era um desenho tatuado, era muito nítido, muito entalhado, era como um verniz sobre a madeira. E é nesse momento que concluo, e isso! Exatamente, a pele desse moço-homem, homem-anjo serve como verniz a esse “desenho” e parecia que a madeira havia sido penetrada entre a carne e a pele. O aspecto era o das mais belas madeiras que eu já pudera ver. O desenho era de um violão-celo de uma cor mogno muito avermelhada e nesse momento , toco nas costas do moço-homem, espero uma reação e ele continua uma estatua.

Meu Deus! As cordas daquele violão celo haviam sido cruelmente esticada ao longo das costas daquele moço-anjo, e eu podia perceber as marcas que isso lhe deixara, mais eu podia soar timbres de cada uma daquelas cordas. E fico pasma. Aquilo não era um desenho nunca fora um desenho, era um violão celo impregnado nas costas do moço-homem, moço-anjo lindo , mudo, imóvel e nu.

Seu rosto era quase imperceptível por tanto luz, quase impossível de descreve-lo. Mais eu podia perceber que seus cabelos era de um negro nunca antes visto, chegavam quase aos ombros e seus olhos era do mesmo preto e muito penetrante perfurava a alma, sua pele morena muito clara, não toquei porque me hesitei, mais parecia tão macia, tão aveludada...seus lábios, eram carnudos mais desenhados a pincel, que acompanhava de um nariz delicadíssimo como de uma pequena criança.

Não resisto. Falo com ele.

Ele não responde.

Insisto ...

Ele continua indiferente

Empurro-o para saber se ele esta enraizado naquele local.

Ele cai e não levanta

Deito-me ao seu lado, e coloco meu ouvido sobre suas costas.

Estranho!

Dali, ouço muito baixinho uma linda música. Penso que estou delirando.

Passa um tempo ele geme. Grita e Diz:

É o meu fim!

E será o início de vários séculos de sua nova vigência.

Mais eu não entendia.

Naquele momento aquele vil e hipnotizante desenho começa a desfazer das costas daquele homem-anjo. E uma dor inexplicável afeta meu corpo.

Perco meus sentidos!

A única coisa que sinto e extrema dor, não consigo dizer exatamente onde. Dores que amargam minha boca. E penso que este e realmente o meu fim. Nesse momento percebo que é tudo verdade, desde a chegada da praia. E as dores eram ainda muito reais.

Volto meus sentidos. E vejo que o moço-homem que me provoca todas aquelas dores. Provém dele todo aquele martírio, porque a cada vez que mais transparente ficava seu desenho mais aliviado tornava sua expressão e mais dores eu sentia, a dor penetrante da inserção de algo em minha alma em meu corpo. E o moço agora tem seu rosto límpido, livre do brilho, da reluzente luz, era nítido seus traços, cada linha de seu corpo, e ele tinha uma expressão aliviada. E não entendia nada. Queria falar mais não conseguia

Minha cabeça estava perturbada, tocava sem sessar uma música dentro de mim, Dentro de meu âmago. Parece que a música perseguia meus batimentos cardíacos. Me sufocava, tirava todo meu ar. Ela era muito linda, bonita a ponto de trazer medo.

Com muito esforço consigo levantar. O moço foge. E percebo que agora tudo para diante a minha energia. O mar torna-se um espelho d'água. O sol uma enorme sombra, o vento perde-se no infinito das montanhas, e as palmeiras não se move como dançarinas. A pedra desbotou a cor bronze. Seria meus olhos ???

Ou me tornara um monstro ?

Vou à beira do mar. Já não consigo sentir a areia massageando os meus pés. Paro de frente ao imenso espelho d'água e tomo forças não sei de onde para encarar-me, acho que a força veio daquela música que ainda insiste de tocar dentro de mim.

Olho fixamente para o mar, e o reflexo mostra a minha imagem nitidamente. Meu Deus!

Como eu estava linda. Não poderia ser eu. Eu era como aquele ser-homem, ser-anjo, dotada de uma beleza espetacular, fico encarando-me como se olhava a uma criatura divina. E percorro o olhar por todo meu corpo, eu não tinha qualquer um dos meus defeitos. Eu era uma Deusa. Mais aquela música me atormentava o tempo todo, e fazia-me arrepiar, quase toda hora.

Sinto uma pontada nas minhas costas levo a mão e sinto algo estranho. NÃO!!! ISSO NÃO agora entendo, eu havia me transformado na mulher estatua, na mulher sem expressão, na mulher que agora carregaria a surdez. Agora entendo o porquê da música me perturbando , cada dor, e a energia a beleza.

Grito pelo moço incessantemente.

E de longe...

Ouço pela primeira e última vez sua voz.

Era doce, aveludada. E trêmula.

Onde ele dizia assim:

Liberto agora estou. Depois de 200 anos a sua procura te encontrei. A responsabilidade agora é sua.

E eu desesperada pergunto:

O que sou ?

Ele me diz:

Você é a guardiã da ultima música. A música que no fim do mundo será tocada.

Myrror
Enviado por Myrror em 05/11/2010
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