CRÔNICA – Caminhando na praia...

 

CRÔNICA – CAMINHANDO NA PRAIA – ESCRITA EM 04.11.2010

 

            Eu havia perdido a conta de quanto tempo se passou desde a minha última caminhada à beira mar. A recomendação médica era de que eu o fizesse pelo menos três vezes por semana, todavia sem forçar, correr, se estressar; bastava andar normalmente, apreciando a beleza do mar e, evidentemente, das mulheres lindas e maravilhosas que, certamente, também estariam fazendo o mesmo exercício.

            Depois de algum tempo, mandei que me comprassem um par de sapatos tênis de boa marca, mas isso ocorrera há dois anos, e eles ainda estavam na caixinha, lindos e maravilhosos, assim como irmãos gêmeos. É hoje que eu vou experimentar esses danados para ver se o feixe de molas que eles têm no calcanhar funciona sem problemas.

            Do meu apartamento até a orla eu calculo que tem uns 500 metros de distância, isso significa que indo e vindo já se somaria um quilômetro, no mínimo, e para quem anda destreinado é uma boa marca... Segui em frente, peguei a avenida principal sem qualquer problema... Sentia que poderia ir bem mais longe... O movimento era intenso.

            Na verdade, aqui pra nós, eu estava muito mais curioso pra ver os transeuntes e ginastas do que propriamente me exercitar. Pude perceber que havia gente que percorria tal caminho há pelo menos dez anos, mas continuava obesa como antes. Do que adianta fazer tanto esforço e quando chegar a casa bater um prato de munguzá ao leite de coco ou mesmo saborear no almoço uma belíssima feijoada! “Todo caminho dá na venda”, é o mesmo que enxugar gelo. Em minha opinião as pessoas deveriam começar a desenvolver atividades físicas bem novas, e não querer agora, na idade mais avançada, recuperar o corpo que tivera antes ou... Nunca; todavia, isso é salutar.

            Na minha visão notei homens e mulheres, em bom número, bem idosos, corpos reforçados de gorduras, todavia algumas senhoras e cavalheiros mais enxutos, cada qual querendo queimar calorias indesejadas: Corriam uns, dançavam outros, alongavam-se à beirada do calçamento, enquanto uma parte preferia ir mesmo enfrentando a areia, que é mais cansativa. Por mim passou um chinês a toda, que não dava pra saber se estava andando ou correndo, mas o certo é que sua coreografia era bastante interessante, dava a impressão de que estava caindo pra frente, assim como quem dá um mergulho ou parecendo um canguru.

            Interessante ver pessoas de caixas torácicas avantajadas; outras, de traseiro abundante, pandeiro pra ninguém botar defeito; algumas com faróis de alta potência, que balançavam ao mesmo ritmo da andança; sem querer, senti que um cidadão fizera a buzina funcionar, mas quando ele olhou pra trás e me viu ficou completamente chateado (eu iria dizer: São coisas da vida, mas temi que me desse uma bordoada na cacunda). A neblina tomou conta daquele pedaço, mas a ventania logo a dissipara. Acidentes ocorrem com todo mundo e a qualquer hora; quem sabe não teria comido uma mão de vaca daquelas!!! O que me deixou deveras triste foi o fato da dificuldade de ultrapassagem, pois o pessoal está desatualizado com as normas de trânsito, sequer usava os braços para sinalizar à direita ou à esquerda.

            Melhor ficar na minha, pensei. De repente, o senhor que usou o cano de escape desviou-se da rota e tomou o rumo das águas do Atlântico; era forte e não precisava evacuar, pois o povo já abria caminho automaticamente; quem sabe também não iria desfazer-se de um pouco de combustível pela válvula de emergência, eis que o tanque deveria estar transbordando! A verdade é que percebi bem quando foi chegando e logo mergulhando naquela beleza de praia...que alívio...pra ele, claro...e pra gente também. Lembrei-me de uma definição desses gases, de quando era criança: “O traque é um telegrama do fiofó dizendo que a bosta está a caminho”...

            Havia um cidadão, pelo que notei, parecendo estar seguindo recomendações de sua esposa, a fim de melhorar seu desempenho nas horas de lazer em casa; seus olhos eram no relógio e no medidor de pressão arterial, e por pouco não atropelou uma senhora que ia à frente; sua rapidez era de tal sorte que dava a impressão de ter um encontro marcado... Com a outra...

            Pelos meus cálculos andei uns três quilômetros. Ocorre que já perto de casa ouvi um barulho vindo de trás, mal comparando, assim como bolas de bilhar carambolando, isto é uma batendo na outra (esse jogo é composto de uma mesa, três bolas e um taco para cada participante). Fiquei impaciente, isso até que notei que aquela zoadinha chata era do meu sapato novo (no uso), mais propriamente no calcanhar. Simplesmente o solado havia se despregado, talvez por falha no momento da vulcanização. O pior de tudo foi que ao virar o tênis para verificar o problema senti que havia pisado em fezes de cachorro, desses que circulam nas mais belas praias do país.

            Depois foi que me disseram que as gatas maravilhosas costumam caminhar à noitinha... É vivendo e aprendendo. Como se houvesse no mundo fêmeas que não fossem belas! É como dizia um velho amigo: “Acontece muita vida na coisa da gente...”.

            A realidade é que voltei a caminhar...

 

 

Em revisão/construção.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 05/11/2010
Código do texto: T2597833
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