A Palmatória no Museu Escolar
Coisas da nossa escola memorizam aquele tempo. Aqui e acolá, encontra-se quem guarde, em algum canto da casa, fotos e objetos do curso primário ou ginasial: cadernos usados, “Avante” ou “Colegial”, de páginas amareladas e capas desbotadas e, nas contracapas, os hinos cívicos, que se deveriam decorar, nas aulas de Canto Orfeônico: Hino Nacional, da Bandeira e da Independência. Não sei como Sérgio Botelho, um dos mais inteligentes da classe, aprendeu hinos não ensinados, como o da Marinha que, com brio, assoviava a caminho da escola ou cantarolava no recreio: “Qual cisne branco que em noite de lua/ Vai deslizando num lago azul...”
Há quem guarde Caminho Suave - Alfabetização pela Imagem, de Branca Alves de Lima, que, desde 1948, concorreu com outros métodos de alfabetizar. Desta bibliografia, relembram a época: Cartilha do Povo Para Ensinar a Ler Rapidamente, do Professor Lourenço Filho, Edições Melhoramentos, em 1939; uma mais antiga, Cartilha Fácil, de Claudina de Barros, editada em 1932; afora tabuadas para “o ensino prático da aritmética” e tabelas de logaritmos, os cadernos de caligrafia para se praticar a habilidade de escrever bonito, evitando-se a escrita de símbolos indecifráveis ou “letra de médico”. No Conselho de Cultura, Carlos Pereira falou a Biu Ramos: “- Não sei por onde anda minha Crestomatia”. Manuseei este livro de Radagásio Taborda, aos onze anos. Grosso volume, cheio de contos, fábulas, crônicas, tudo da melhor literatura, que nos ensinava aplicar a sintaxe, ler poesias e, sobretudo, interpretar textos. Ao quatorze anos, já possuía dicionário e Crestomatia, orgulho do estudante com gosto pela leitura. Ainda preservo meu exemplar, editado, em 1942, pela Livraria do Globo, além da Antologia Nacional.
Um Museu Escolar mostraria fotos desse tempo: o aluno fardado ao lado do Globo Terrestre, tendo como fundo o Mapa Mundi; a carteira dupla de madeira, com cava para o lápis, buraco para o tinteiro e pernas trabalhadas em ferro; frasco de goma arábica ou de tinta Parker para a caneta de madeira com pena metálica e mata-borrão; capa plástica e galochas usadas nos sapatos Vulcabrás; uma bolsa de couro quase mala, onde cabiam livros, lapiseira, compasso, borracha para tinta e grafite; estojo de lápis de cor; caderno de desenho e papel carbono; alongador de lápis curto e copo sanfonado. Na impossibilidade de preservá-lo, lembrar-se-ía o lanche: uma banana, pão-francês recheado com queijo e um pedaço de “goiabada de lata”. Mas, também cabiam na bolsa algumas bolas de gude, ponteira e um pião de bom-nome.
Coisas da nossa escola memorizam aquele tempo. Aqui e acolá, encontra-se quem guarde, em algum canto da casa, fotos e objetos do curso primário ou ginasial: cadernos usados, “Avante” ou “Colegial”, de páginas amareladas e capas desbotadas e, nas contracapas, os hinos cívicos, que se deveriam decorar, nas aulas de Canto Orfeônico: Hino Nacional, da Bandeira e da Independência. Não sei como Sérgio Botelho, um dos mais inteligentes da classe, aprendeu hinos não ensinados, como o da Marinha que, com brio, assoviava a caminho da escola ou cantarolava no recreio: “Qual cisne branco que em noite de lua/ Vai deslizando num lago azul...”
Há quem guarde Caminho Suave - Alfabetização pela Imagem, de Branca Alves de Lima, que, desde 1948, concorreu com outros métodos de alfabetizar. Desta bibliografia, relembram a época: Cartilha do Povo Para Ensinar a Ler Rapidamente, do Professor Lourenço Filho, Edições Melhoramentos, em 1939; uma mais antiga, Cartilha Fácil, de Claudina de Barros, editada em 1932; afora tabuadas para “o ensino prático da aritmética” e tabelas de logaritmos, os cadernos de caligrafia para se praticar a habilidade de escrever bonito, evitando-se a escrita de símbolos indecifráveis ou “letra de médico”. No Conselho de Cultura, Carlos Pereira falou a Biu Ramos: “- Não sei por onde anda minha Crestomatia”. Manuseei este livro de Radagásio Taborda, aos onze anos. Grosso volume, cheio de contos, fábulas, crônicas, tudo da melhor literatura, que nos ensinava aplicar a sintaxe, ler poesias e, sobretudo, interpretar textos. Ao quatorze anos, já possuía dicionário e Crestomatia, orgulho do estudante com gosto pela leitura. Ainda preservo meu exemplar, editado, em 1942, pela Livraria do Globo, além da Antologia Nacional.
Um Museu Escolar mostraria fotos desse tempo: o aluno fardado ao lado do Globo Terrestre, tendo como fundo o Mapa Mundi; a carteira dupla de madeira, com cava para o lápis, buraco para o tinteiro e pernas trabalhadas em ferro; frasco de goma arábica ou de tinta Parker para a caneta de madeira com pena metálica e mata-borrão; capa plástica e galochas usadas nos sapatos Vulcabrás; uma bolsa de couro quase mala, onde cabiam livros, lapiseira, compasso, borracha para tinta e grafite; estojo de lápis de cor; caderno de desenho e papel carbono; alongador de lápis curto e copo sanfonado. Na impossibilidade de preservá-lo, lembrar-se-ía o lanche: uma banana, pão-francês recheado com queijo e um pedaço de “goiabada de lata”. Mas, também cabiam na bolsa algumas bolas de gude, ponteira e um pião de bom-nome.