O assalto
Todo mundo no banco estava acostumado com a figura simpática daquela velhinha com transito livro no banco.
Afinal ela tinha uma conta corrente há muitos anos.
Nunca retirava a soma total de sua pensão deixada por seu pai.
Preferia ir de dias em dias fazer pagamentos, antes que eles vencessem.
Era muito cuidadosa com os vencimentos de seus compromissos.
Os seguranças a chamavam pelo nome, sorridentes eram solícitos em atende-la.
Os caixas, nem se fala, comentavam com ela sobre sua saúde, seus netos.
Até sobre os pontos em cruz de seus bordados.
Ficava as vezes mais tempo na frente do funcionário, porque adorava conversar.
Na porta giratória era recebida sem nenhuma preocupação dos seguranças.
Nem o celular precisava mais colocar na cestinha. Se sentia muito importante e gostava do atendimento como ninguém
Mas um dia seu banco foi comprado e sua conta passou para outro banco estatal.
Ai a coisa mudou, precisava se conformar com as regras severas de segurança. Como ela não tinha nada a esconder, não fazia muita diferença.
Até que um dia antes de passar no banco, foi a casa da filha buscar umas facas para um jantar que daria a velhas amigas.
Colocou as facas na bolsa e caminhou despreocupadamente para o banco. Antes comprou a caixa de chá de frutas verdes, seu preferido.
Como era um pacotinho, colocou também na bolsa.
Chegou no banco que era enorme, perto do antigo.
Se encaminhou para a porta giratória tranqüila.
Foi então que o alarme soou forte, os que estavam no banco se assustaram, olharam para a entrada preocupados.
O segurança mais próximo correu para a porta.
Ela, surpresa colocou o celular na abertura própria, deu um passo atrás e tentou mais uma vez, agora colocando o pacotinho de chá junto com o celular. O alarme parecia enlouquecido.
O segurança tirou a arma do coldre e o outro falava aflito no seu celular. Ela permaneceu parada por algum tempo sob os olhares apavorados a esta altura.
FIcou ali mais uns minutos, depois desistiu, pegou o celular e o pacotinho, virou as costas e foi se afastando calmamente.
Foi ai que lembrou das facas, rindo muito apressou os passos.
Foi quando ouviu sirenes estridentes da polícia.
Já virando a esquina alguém perguntou o que estava acontecendo e ela fingindo preocupação, disse: imagina, uma velhinha tentou assaltar o banco. Esse mundo está perdido.