NOTA: Crônica redigida em abordagem sobre o sismo do Haiti 2010. Uma matéria sobre o catastrófico acontecimento que deixou várias vítimas.O texto concorre no 6º concurso de redação da biblioteca Profº Nelson Foot, localiza em Jundiaí, interior de São Paulo. CONFIRAM!!!
Acordei-me, oras impetuoso. A dor latejante sobre meu corpo instigando-me violenta, vívida, sem misericórdia. Minha consciência se esvaia, sobretudo, enxergando uma grandiosa nuvem de poeira vasta ao meu redor. Jesus! Foi apenas o que disse, num sussurro baixo, no infinito território devastador. Sem saber, esguio meu pescoço dificultosamente para o lado, até então perceber o que tinha realmente acontecido. O infortúnio Haiti. O desastre ali, divagando-se desgraça, num país onde a pobreza se alastra cada vez mais aterradora, e complexa. Deitado, ferido, mas, contudo com vida, ouvia-se gritos tempestuosos e desesperadores assoando em volta daquele mundaréu de gente em pânico. Perambulavam ao redor dos escombros, daquilo do que naturalmente restou. Era muito pequena a diversidade daqueles, que por um milagre se salvaram. Gritavam por nomes, que até então, entendia-se como apenas algum membro de suas famílias. E nada mais que isso. Em questão de segundos, toda aquela cacofonia de sons se tornou alucinante. Meus tímpanos começaram a vibrar, meu coração palpitava aos prantos e meus suspiros fora além. Contudo o que eu – um soldado em missão de paz -, quis fazer na primeira instancia fora se levantar, analisar e acudir aqueles que precisavam. Seria inexpressivo em não dizer que meu lamento era glorioso. A sensação de poder escutar aquilo, de poder vivenciar toda aquela cena desastrosa, e ao contrário de tudo, não poder reagir agilmente, me afundava em um mar de total angustia e sofrimento. Assim que senti a primeira gota de lágrima escorrer sobre meu rosto, se misturando com todo aquele sangue, algo de inesperado me surpreendeu. Vozes ecoavam acima de mim, sobre os escombros. Minha respiração acelerou. Alguém gritava, de forma aflita.Capaz de sentir e aguentar a dor — pois de algum modo estava preparado para isso —, mexi lentamente minhas pernas, que estavam sendo prensadas pelas toras de concreto. Foi brutal. Mas suportei. Gritei, mesmo sabendo que não teria muita força. Por sorte, parecia que alguém teria escutado. Percebi passos avassaladores sobre as pedras. E em poucos segundos, vi uma mão se emergindo onde meu corpo estava. Vi a luz de novo.
Houve-se um extenso tempo, até então. Tempo este que parecia nunca acabar. Agora, a salvo, graças à ajuda daquelas humildes almas, pude realmente ver a destruição que ali marcava presença. Era algo assustador, ou pior, constrangedor. Galgando-me, com dificuldade, sobre as ruas de Porto Príncipe, pude presenciar e sentir calorosamente o que a desgraça trouxe para muitas daquelas almas, sobretudo, pobres que ali viviam. Enquanto eu ajudava boa parte delas, como pude ser ajudado antes também, avistava milhares e milhares de corpos esticados no chão, sem a quem acudissem. Realmente era uma infâmia ver toda aquela gente morrendo, precisando de atendimento hospitalar, alimento, água, enfim, o socorro preciso e, contudo não a ver agentes como eu, suficientes para acudi-las. Lamentava-me por tudo. A cada segundo, trombava com aqueles rostos maltratados pelo tempo e pela dor, e perguntava-se por que. Porque tudo isso? Porque com eles? Realcei divagando-me se seria necessário tudo aquilo para um povo, onde já sofria ao máximo.
Oras, era justo?
Acabava de ajudar um, e já partia para outro. Ao lado pude assistir por um tempo alguns dos meus colegas trabalhando em prol da solidariedade. Parte deles faziam operações ali mesmo, naquele local fétido, sorvendo sujeira por todo o canto. Era o mínimo que podiam fazer se não chorarem. Lamentoso era ver que alguns não resistiam e assim sucessivamente menos um para tantos cidadãos da capital, mirada e vítimada por um tremor de magnitude de 7.0. Infelizmente foi o que se formou, e seria muito bom se fechássemos os olhos e podermos ver tudo àquilo como que era antes. Refletir que nada poderia ser daquele jeito. Nada. Nem mesmo a pobreza que ali assolam tantos.
Acordei-me, oras impetuoso. A dor latejante sobre meu corpo instigando-me violenta, vívida, sem misericórdia. Minha consciência se esvaia, sobretudo, enxergando uma grandiosa nuvem de poeira vasta ao meu redor. Jesus! Foi apenas o que disse, num sussurro baixo, no infinito território devastador. Sem saber, esguio meu pescoço dificultosamente para o lado, até então perceber o que tinha realmente acontecido. O infortúnio Haiti. O desastre ali, divagando-se desgraça, num país onde a pobreza se alastra cada vez mais aterradora, e complexa. Deitado, ferido, mas, contudo com vida, ouvia-se gritos tempestuosos e desesperadores assoando em volta daquele mundaréu de gente em pânico. Perambulavam ao redor dos escombros, daquilo do que naturalmente restou. Era muito pequena a diversidade daqueles, que por um milagre se salvaram. Gritavam por nomes, que até então, entendia-se como apenas algum membro de suas famílias. E nada mais que isso. Em questão de segundos, toda aquela cacofonia de sons se tornou alucinante. Meus tímpanos começaram a vibrar, meu coração palpitava aos prantos e meus suspiros fora além. Contudo o que eu – um soldado em missão de paz -, quis fazer na primeira instancia fora se levantar, analisar e acudir aqueles que precisavam. Seria inexpressivo em não dizer que meu lamento era glorioso. A sensação de poder escutar aquilo, de poder vivenciar toda aquela cena desastrosa, e ao contrário de tudo, não poder reagir agilmente, me afundava em um mar de total angustia e sofrimento. Assim que senti a primeira gota de lágrima escorrer sobre meu rosto, se misturando com todo aquele sangue, algo de inesperado me surpreendeu. Vozes ecoavam acima de mim, sobre os escombros. Minha respiração acelerou. Alguém gritava, de forma aflita.Capaz de sentir e aguentar a dor — pois de algum modo estava preparado para isso —, mexi lentamente minhas pernas, que estavam sendo prensadas pelas toras de concreto. Foi brutal. Mas suportei. Gritei, mesmo sabendo que não teria muita força. Por sorte, parecia que alguém teria escutado. Percebi passos avassaladores sobre as pedras. E em poucos segundos, vi uma mão se emergindo onde meu corpo estava. Vi a luz de novo.
Houve-se um extenso tempo, até então. Tempo este que parecia nunca acabar. Agora, a salvo, graças à ajuda daquelas humildes almas, pude realmente ver a destruição que ali marcava presença. Era algo assustador, ou pior, constrangedor. Galgando-me, com dificuldade, sobre as ruas de Porto Príncipe, pude presenciar e sentir calorosamente o que a desgraça trouxe para muitas daquelas almas, sobretudo, pobres que ali viviam. Enquanto eu ajudava boa parte delas, como pude ser ajudado antes também, avistava milhares e milhares de corpos esticados no chão, sem a quem acudissem. Realmente era uma infâmia ver toda aquela gente morrendo, precisando de atendimento hospitalar, alimento, água, enfim, o socorro preciso e, contudo não a ver agentes como eu, suficientes para acudi-las. Lamentava-me por tudo. A cada segundo, trombava com aqueles rostos maltratados pelo tempo e pela dor, e perguntava-se por que. Porque tudo isso? Porque com eles? Realcei divagando-me se seria necessário tudo aquilo para um povo, onde já sofria ao máximo.
Oras, era justo?
Acabava de ajudar um, e já partia para outro. Ao lado pude assistir por um tempo alguns dos meus colegas trabalhando em prol da solidariedade. Parte deles faziam operações ali mesmo, naquele local fétido, sorvendo sujeira por todo o canto. Era o mínimo que podiam fazer se não chorarem. Lamentoso era ver que alguns não resistiam e assim sucessivamente menos um para tantos cidadãos da capital, mirada e vítimada por um tremor de magnitude de 7.0. Infelizmente foi o que se formou, e seria muito bom se fechássemos os olhos e podermos ver tudo àquilo como que era antes. Refletir que nada poderia ser daquele jeito. Nada. Nem mesmo a pobreza que ali assolam tantos.