Crônicas da nova era VI - Máquinas auto-construtoras
Já nos acostumamos a ver em propagandas de televisão braços robóticos montando automóveis. Já há um bom tempo que máquinas construtoras de máquinas saíram dos livros de ficção e constroem o nosso mundo. Restaria construir a máquina definitiva, o engenho capaz de construir não apenas outras máquinas, mas também uma réplica de si mesma, uma máquina construtora de máquinas. Essa utopia já existe, mas não foi colocada no mercado, ou, muito rapidamente, se alastraria por todos os lares barateando a produção de todas as máquinas até o valor de custo de seus materiais, coisa irrisória.
Hoje paga-se mais pelos programas de um computador que pela própria máquina, devido ao barateamento extremo que os custos de produção de bens materiais sofreram em decorrência da automação. Atente ao fato de que o custo de um programa de computador é bem artificial, trata-se apenas de um direito autoral.
Haverá um momento em que as máquinas produtoras de máquinas escaparão e se disseminarão entre o povo, se reproduzindo em cada residência, para em seguida construir todas as máquinas necessárias à satisfação de todas as necessidades de um cidadão. Quando isso ocorrer, todos os produtos básicos estarão disponíveis a um preço muito baixo, de modo que o cidadão necessitará de dinheiro apenas para comprar aquilo que pode ser descrito como luxo, uma vez que o artigo genérico análogo ao que ele deseja estará disponível a preços baixíssimos. Nesse momento os cidadãos estarão de fato livres para ocupar o seu tempo do modo como desejarem, e poderão se dedicar integralmente à construção das artes, da cultura, e de seu próprio engrandecimento; será o momento crucial da história humana em que pela primeira vez será vista a emergência de toda a humanidade hoje tolhida.