Preconceito
Eu, aqui neste Recanto, fui vítima de preconceito! Recebi um e-mail de um dito “escritor”, querendo saber quem escrevia meus textos pra mim! Quanto eu pagava para me apossar dos direitos autorais dos mesmos! Disse-me que eu utilizava a minha antiga foto como “subterfúgio” para atrair leitores! Nem me dei o trabalho de respondê-lo com outro e-mail. Só troquei minha foto, que havia sido tirada num estúdio por um fotógrafo profissional, por essa que vocês podem visualizar agora, que eu mesma tirei com o meu celularzinho baratinho e obsoleto. Foto tirada antes de levantar da cama, escabelada e despreparada!
Com isso eu fico me perguntando: por que será que mulher inteligente tem obrigação de ser feia? Será que as duas qualidades não podem coexistir numa mesma pessoa? Ou é bonito ou inteligente? Puro preconceito!
Esses dias eu estava numa ótica escolhendo a armação do meu óculos novo, quando ouvi uma conversa de uma senhora com um “cego”, que usava óculos escuro e andava acompanhado por um lindo cão guia.: - “Nossa! Mas você é cego mesmo? Nem parece, é tão bonito, bem vestido, bem apessoado, com esse cachorro tão bem educado!” O rapaz deu uma risadinha meio sem graça e agradeceu os “elogios”. Mas a tal senhora não se deu por rogada, e quando viu a grossa aliança na mão esquerda do rapaz, soltou uma exclamação assim: - Meu Deus, e ainda por cima é casado! Sua esposa é normal? Ao que o moço respondeu, é sim, senhora! Levantou-se e foi embora.
Aí eu fiquei me perguntando. Por que um cego tem que ser feio, pobre, mal arrumado, encalhado e morar longe? Quem foi que disse isso? Puro preconceito! E recordando-me da pergunta sobre a normalidade da esposa dele, eu respondi aos meus próprios botões: - Não! Ela deve ser no mínimo, verde, com antenas e entrada pra MP3! Eita preconceito “mardito”!
Eu tenho uma amiga que tem origens indígenas, com traços bem característicos mesmo. Ela é casada com um alemão, e os dois têm uma menina linda! A cara do pai, branca que nem leite, de olhos azuis e cabelos quase brancos, de tão loira. E essa amiga, um dia passou em frente de um posto da Polícia Federal, dirigindo o seu carro, com a menina devidamente colocada na cadeirinha de segurança e coisa e tal. E o carro era importado, novo, lindo mesmo! Ocorre que os policiais acharam que tinha alguma coisa de errado, uma índia dirigindo um carro daqueles, com uma criança linda a tira-colo, no mínimo suspeito. Pararam-na, verificaram a documentação do carro, tudo ok, mas ela não estava carregando nenhum documento da menina. Ficou presa, ela numa sala e a filha na outra. Eu fico imaginando a cena de horror que elas passaram. A nenê chorava que queria mamar, os peitos da mãe estavam vazando e os policiais achando que se tratava de um seqüestro. Três horas se passaram até que ela conseguiu falar com o marido e explicar o caso! Um absurdo, pois se ela fosse loirinha, eles nem a teriam parado!
É duro ser diferente, às vezes acho que deveríamos ser todos clones uns dos outros, será que assim o preconceito desapareceria?