A Morte é uma Industria.

Hoje acordei com uma sensação danada de que estava morto e não sabia. Daí comecei a refletir que ontem quando adormeci, não senti como aconteceu e todo o tempo que estive dormindo, não tive a mínima consciência do que ocorreu comigo por aquelas seis horas e meia. Então pensei, isso deve ser a tal chamada morte e depois a gente acorda e com certeza vai ser tudo tranquilo como está sendo agora. Estou acordado pensando no que aconteceu comigo durante esse tempo que não lembro conscientemente.

Aí comecei a matutar na história que um amigo me contou ter ocorrido lá no interior de Minas, mas que hoje se tornou uma próspera cidade e por sinal com muita gente viva e muito bonita.

Pouso Alegre que bem poderia se chamar Final Feliz. Disse ele que lá há muito tempo quando a cidade ainda era um Vilarejo, apareceu um matuto que não era muito matuto e como viu que havia ali pessoas assim muito crédulas para não se falar ingênuas começou a fabricar caixões e velas e sua mulher que também participava daquela sensibilidade toda vendia as flores que eram colhidas no campo.

Dessa forma começou-se falar de algo tão natural que até alí as pessoas não davam lá muito importância para um fato natural como dormir e acordar, mas esse fenômeno começou a render muito dinheiro e o matuto comprou logo umas glebas e passou a vender uma fração, pois ficaria muito mais rendoso se ficasse tudo em família.

Cuidavam de tudo porque em nome da saudade e do remorso o tal defunto precisava ter um enterro digno. Afinal, fizemos tudo por Ele e ninguém vai falar nada.

Bem como o negócio foi aumentando e a industria precisava de expansão, a propaganda seria a alma do negócio, criaram o medo, falta de informação através das sutilezas da propaganda ou a informação distorcida.

A cidade foi crescendo e a violência também e a morte foi banalizada de outra maneira. O lucro é fundamental!

Os hospitais públicos deixaram de ser eficientes porque ofereceu-se uma outra maneira de atendimento, custando muito mais sem evitar o sono eterno, mas um sono com pesadelos para a família. Uma dívida "ad eterna".

Nossa, quando percebi que engrenagem maluca o tal matuto colocou o povo de Pouso Alegre, acordei na minha realidade de quem pensa e não se deixa ser consumido. Afinal é só um sono.