Apenas uma crônica

Lentamente, meu coração sacoleja dentro de mim. E quieto, ele permanece nesta tarde cinzenta.

Não reajo e nem me afugento do mundo que se projeta sem sentido para mim. Para embaraçar o tédio repentino, resolvo colher algumas palavras que possam desfigurar a minha tristeza.

E numa sensação de liberdade, distribuo com zelo, sílabas que formam vocábulos aos quais são semelhantes a flechas, oriundas de algum lugar que eu não sei.

São nos momentos de solidão, nas ilhas da vida, nos labirintos imensuráveis que eu posso me encontrar.

Certamente, a melancolia me fere, no entanto, ela não me assassina. E até mesmo o ronco desenfreado e longínquo dos carros, as sirenes frenéticas das ambulâncias e o descontentamento de um poeta, podem se transformar nas minhas mãos, numa crônica de fim de tarde.

Mayanna Davila Velame
Enviado por Mayanna Davila Velame em 01/11/2010
Código do texto: T2591560
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