A primeira mulher!
Nada deve ser maior do que a cobiça do povo, principalmente quando se trata de um povo tão agüentado e contristado quanto o povo brasileiro; num momento tão cruciforme quanto este, onde uma nação em franca expansão deseja acender ainda mais e se tornar visível perante o mundo, hoje, dia 31 de outubro de 2010, o povo brasileiro ansiou e teve como eleita, a primeira mulher que ocupará o Planalto na cadeira mais importante, a cadeira de Presidente da República Federativa do Brasil; esta mulher, até pouco tempo desconhecida é Dilma Rousseff, candidata indicada pelo Presidente Lula e pertencente ao Partido dos Trabalhadores.
Até cerca de oito anos, apenas víamos um revezamento entre os burocratas obsoletos deste ou daquele partido político; gente que até conseguiu emplacar vários fatores importantes de crescimento social e econômico no Brasil, mas que possuíam, salvo em raras oportunidades, as mesmas caras, os mesmos atos e os mesmos preceitos.
Tudo isso começou a mudar depois que um ex-operário nordestino chegou pela primeira vez ao Poder; tudo começou a mudar após a sofrida e perseguida eleição do Presidente Lula, quando todos imaginavam que isso jamais ocorreria; agora, após a eleição de Dilma, tudo pode acontecer no Brasil; do positivo ao negativo e o que o povão que a elegeu espera, sinceramente, é que os estigmas do passado sejam esquecidos, punidos e que os novos horizontes de mais trabalho e menos corrupção se torne uma verdade tão forte quanto foi à própria eleição revolucionária.
Nós que não votamos em Dilma, mas que também não engrossamos as fileiras do pessimismo; esperamos que o governo novo que se implantará em Brasília seja de fato novo; que não priorize os amigos salafrários que insistem em sobreviver dos golpes aos cofres públicos e da pilhagem das migalhas que ainda são destinadas aos mais pobres. Nós os que não votamos em Dilma, mas que somos dotados de consciência verdadeira; esperamos sim, que a Excelentíssima Senhora Presidenta eleita se comporte como gestora pública, garantindo a fidelidade de tudo que prometeu nos dias de campanha e que zele fidedignamente pela continuidade da democracia, a mesma democracia que a elegeu.
Que a Senhora Presidenta saiba, e tenho certeza que ela sabe; que grande parte do Brasil ainda não tem o que comer; grande parte do povo brasileiro ainda não consegue defecar numa privada dentro de casa; boa parte do povo brasileiro ainda não tem água pura para beber e comida razoável na mesa para alimentar seus filhos; que nossas estradas ou estão nas mãos de terceiros ou não funcionam; que nossas finanças estão disfarçadas em quadros generosos e que a miséria ronda ainda muitos lares; que a nossa ecologia está sendo estuprada por saqueadores da história; que a imprensa está sendo cada vez mais ameaçada da mesma forma que esteve em épocas passadas e que ela tanto conhece e que muitos já esqueceram.
Se as palavras da Presidenta eleita forem verdadeiras, desde a campanha até o dia de hoje no primeiro pronunciamento público como vencedora, ainda poderemos contar com um restinho de esperança de dias melhores, porque ela, com certeza; ansiará permanecer no Planalto por mais quatro anos após este mandato vindouro.
No meu ponto de vista pouco mudará com a troca de comando; Dilma seguirá um modelo aprovado pelo povo do Governo Lula, modelo este que rendeu a Lula mais de 80% de aprovação e que conseguiu eleger a própria Dilma; mas este continuísmo precisa erradicar as mazelas que se incrustaram na fórmula de gestão Federal e até deixaram um ar de eternidade, como os sucessivos escândalos com pessoas do alto escalão do Planalto.
Sabemos bem que há neste momento muitas pessoas rindo a toa com a eleição de Dilma, desde amigos e bem intencionados que ajudaram nesta eleição, até os que ficaram impunes nos escarcéus patrocinados pela cúpula do Partido dos Trabalhadores. A ex-ministra e Presidenta eleita, precisa saber que mesmo com 80% de aprovação pública, muitos de nós que conseguimos discernir entre o correto e o detestável, o Presidente Lula também foi sinônimo de fraudes públicas e descaso com a justiça social e que isso não é bom para o currículo de ninguém.
Dilma Rousseff tem pela frente um desafio ainda maior do que todos os outros Presidentes eleitos pelo voto popular. O Brasil por estar vivendo o milagre econômico onde todos podem fazer praticamente tudo e por existir uma grande massa dos que ainda não podem nada; são estes últimos, os desvalidos e os imêmores, que vivem das tantas “bolsas” e tantas promessas, aqueles que sucumbem ao primeiro sinal do imperativo, que impulsionarão a rede de bel-prazeres e perspectivas que desejam um Brasil melhor, mais justo e mais acessível.
Parte do povo brasileiro não está nem aí se o Presidente for bonzinho ou se for o satanás; a outra parte espera melhorar de vida, ter acesso a saúde pública de qualidade, segurança eficaz, justiça célere, saneamento básico razoável, educação de valor de galardão e trabalho para dimanar o próprio sustento. Muito embora haja tantos coadjuvantes neste ônibus desgovernado que tentamos corrigir o trajeto, é o Presidente da República quem dita à maioria das regras que mudam ou não os nossos destinos; Dilma Rousseff foi eleita por 55% de todo eleitorado brasileiro para ser a motorista deste “ônibus” imaginário que sempre pende a cair de tantos despenhadeiros; o que 100% das pessoas sensatas querem é que ela seja habilitada, emocionalmente equilibrada, que saiba dirigir de fato e que consiga com honra reunir o número máximo de mecânicos, trocadores, engenheiros de tráfegos e outros tão importantes nesta condução.
As urnas mostraram que a diferença foi mínima; José Serra não se elegeu por uma questão de não sustentar a ideologia que os grandes líderes de seu partido tanto brigaram no passado; muito mais do que tudo isso, Dilma Rousseff seguiu o caminho da política profissional que Lula conseguiu refazer em sua vida há oito anos; que este profissionalismo se transforme em seriedade de gestão e que possamos contar, não com uma mulher, mas com um grande gestor público bem intencionado que pretende fazer do Brasil apenas aquilo que prometeu em campanha; isso já seria muito bom!
Parabéns aos Governadores eleitos; aos deputados e senadores já eleitos e a Presidenta Dilma Rousseff, que junto com os demais participantes dos pleitos de 2010 fizeram a maior festa da democracia que um país pode participar. Meus cumprimentos ao Deputado Daniel Goulart pela brilhante coordenação da eleição do confrade Marconi Perillo em Goiás.
Quando falo de democracia lembro-me de Albert Einstein, que dizia que seus planos era sempre a democracia, onde se esperava que todos os indivíduos fossem respeitados; e nenhum venerado. Só não espero que este show democrático não seja a troca simples de alguns desmoralizados por um betilho de inábeis. Que o povo brasileiro se recompense e mereça o governo que elegeu!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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