Rugas que riem!


          Eu sabia que mais dia, menos dia, elas acabariam se encontrando. E foi o que aconteceu. O dia esperado chegou e elas ficaram frente a frente.

Olharam-se, examinaram-se e o diálogo começou:

-  Não disse que você ficaria assim?

- A culpa não foi minha e você sabe muito bem.

- É, sei! Mas bem que podia ter resistido.

- E pensa que não tentei? Tentei e muito. Mas que culpa tinha se minha dona vivia sempre mal-humorada e de cara amarrada?

- É, você tem razão! Bem que minha dona tentou ajudá-la, mas ela sempre recusava ajuda.

- E eu não sei? Você teve sorte. Se deu bem na vida. Sua dona sempre alegre e bem humorada.

- Tive sorte mesmo! A minha foi o oposto da sua. Se alguma vez ela franzia a testa num gesto aborrecido, logo mudava de humor e com isso eu mudava também.

- Não tive essa felicidade. Por isso estou sempre com essa aparência de mal humorada . Não só eu, mas minhas irmãs também. Basta olhar pra elas e verá essa expressão que afasta as pessoas de nós.

- É, amiga, você e suas irmãs, com essa expressão zangada, realmente afastam as pessoas. Felizmente minha dona sempre foi bem humorada e por isso minhas irmãs e eu temos essa expressão feliz.  Somos rugas que riem!

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Do Livro: "Denúncias Poéticas, Contos e Crônicas" - Pág. 85