Mais uma crônica com espaço em minha vida!
Vocês já devem estar acostumados que para mim tudo vira crônica, sou observadora por natureza e nada que passa pelos meus olhos e ouvidos, não fogem do papel... Pois aí vai mais uma...
Estava esperando por atendimento médico ontem, tive uma daquelas alergias, que deixam os olhos inchados e se não procurar logo por um auxílio médico rápido, em breve não verão mais meus olhos, então estava eu esperando...
Os olhares assustados me causavam vergonha e curiosidade, pois imaginava, o que esse povo todo está pensando? Será que estão com medo? Enfim, não dá para saber o que as pessoas tanto temem apenas por seus olhares de espanto...
Mas enquanto eu estava introspectiva, apareceu-me uma senhora aparentando seus quarenta anos, com uma vestimenta simples, blusa grande e larga branca, uma calça de moletom, chinelos de dedos tipo havaianas, cabelos presos ao meio, dando lhe um ar de descuido, não possuía batom na boca, nem às unhas esmalte... carregava consigo uma sacolinha de supermercado, com o emblema já desbotado em que carregava sua carteira de identidade e seu cartão do SUS, e uma outra sacola do mesmo supermercado com algumas peças de roupa, assustada como os demais, porém com uma coragem surpreendente, sentou-se ao meu lado e disse:
- É conjuntivite?
- Não – eu respondi!- é alergia!
- Estão todos comentando na recepção que é conjuntivite das bravas, eles estão com medo!É alergia a quê? Sabe, você precisa lavar com água de arruda, folha de arruda cura tudo!
- É arruda deve ser bom, - tentei ser gentil, não que eu fosse usar folha de arruda para alergia, mas a senhora corajosa, parecia estar cheia de sabedoria popular e se ela não me orientou usar leite materno, já estava de bom tamanho!
Mas a simpática senhora prosseguiu, agora sem receitas caseiras, iria contar-me uma história:
- olha filha! Eu nunca tive esses tipos de alergia, mas um dia meu companheiro, é assim que eu o chamo, meu companheiro! Ele estava com uma alergia, sabe?! Então foi procurar por uma mulher, quando essa mulher foi a nossa casa, sei lá, mas foi só olhar para ela que já senti uma coisa estranha, senti uma coisa ruim... Quando ela foi embora, pergunte ao companheiro, ela veio fazer o trabalho para você ou foi para mim...?
Antes da respeitosa senhora concluísse seu inusitado conto, uma voz veio do corredor ao nosso encontro:
- Senhora Alvina!
E sem se despedir ela agarrou suas sacolas nas mãos e seguiu em direção à sala que foi chamada.
Eu que não podia perder o momento, ousei falar com a senhora que sentada ao meu lado compartilhava da historia contada silenciosamente:
- Acho que ela quis dizer que eu estou com olho gordo!
Ambas rimos, e em instantes chamaram meu nome para ser atendida...