Vinícius, Toquinho e Rubem Braga
Contam, mas pode ser apenas para ser mais um caso, que Vinícius e Toquinho, quando das suas andanças pela Itália, foram acabar visitando Rubem Braga, no seu apartamento em Roma.
É bom imaginar. Conversa solta horas a fio, lembranças da Guerra que Rubem cobriu e recebia poemas de Vinícius, uísque solto, tira gostos diversos, violão, mais uma dose, um caso, uma gargalhada.
Naturalmente que dá vontade de ter participado! Reunião para ninguém botar defeito.
A certo momento, com sono, Rubem disse que havia mais uísque num móvel da cozinha e reforçou os amendoins, biscoitos salgados e outros ingredientes e foi dormir.
Vinícius e Toquinho ficaram até não aguentarem mais.
No dia seguinte, depois de secarem todas as garrafas de água mineral, Vinícius fala para Rubem: “rapaz, que uísque vagabundo você tem naquele armário. Ainda bem que a garrafa que estava fechada era ‘scoth’ de primeira.
Rubem foi conferir. Haviam tomado vinagre, antes de encontrar a garrafa fechada de uísque.
Do jeito que era a dupla, não me impressiono nada se a história é verdadeira.
Mas esta é. Vejam a perfeição.
Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.