Se der bobeira, a gente nem vê...
         Águida Hettwer
   
 
    Estamos novamente agarrados nas barbas de mais um ano que se finda. Alguns projetos ganharam novos rumos, outros concluídos com sucesso absoluto, outros nem saíram do rascunho. O tempo deixa marcas de verdades inquestionáveis.
 
 
  Nem tudo que reluz é ouro. Entretanto, das sombras se reconstrói a luz. Percebemos quão fortes somos. Com sofreguidão nos arrastamos no pó, o corpo ferido, sangra. Entre suor e lágrima, levantamos-nos sacudimos a fuligem, o sol queima a face mal-tratada, e inevitavelmente somos arrebatados, por sentimento fluindo de alegria.
  
 
   Aquele ser tão frágil, sem muita expectativa e conteúdo, sem argumento na ponta da língua, com riso tímido, descobre-se forte sem armaduras. Lança as máscaras no chão, e vê os obstáculos claros a sua frente, treme, e a cabeça gira, escorre suor frio, as mãos mal conseguem segurar a espada e num piscar dos olhos, derruba o opressor.
 
   
    Sonhos não são meras ilusões. Nós é que sufocamos, trancafiamos no armário, fingimos esquecimento e deixamos o medo, impor o dedo, levantando o tom de voz. Ás vezes é preciso ser “sacudido”, por uma enfermidade, uma má noticia, decepção, reflexão de valores e crenças, para perceber, que não somos um numero a mais no senso, cada ser com uma identidade própria e universal, agregada de valores e fraquezas.
 
 
   A vida é um presente recheado de surpresas. Uma piada, um mistério desvendado, a simplicidade da felicidade revelada. O desejo com urgência, incontido e insano. É tolice, bobice e criancice. Ser feliz é cultivar um “namorico” inocente, que tão bem faz pra alma da gente. Faz-nos lembrar que a vida é passageira e se der bobeira, ela passa a nossa frente fazendo alegoria e a gente nem vê...
 
                                    
 
                                                                                                        28.10.2010