Pequenos fatos, grandes alegrias.

Trabalhava seis horas diárias em uma biblioteca da prefeitura das sete e trinta às treze e trinta.

Quando voltava para casa, fazia a janta, preparava uma aula e ia lecionar no Jardim Veloso, bairro na periferia de Osasco. Eu morava na vila Madalena. Quarta-feira era dia da minha folga na escola, pois eu dava apenas dezesseis aulas por semana. Nesse dia, eu aproveitava para pegar meu filho na escola. Meu filho tinha oito anos. Os outros dias ele vinha para casa sozinho. A escola em que ele estudava não ficava longe. Enquanto eu esperava o portão abrir para a saída dos alunos, eu ficava conversando com as mães que também estavam esperando a saída dos filhos. Eram momentos bem agradáveis esses que eu passava esperando o portão abrir. Quando meu filho saía eu via no rosto dele a alegria de me ver esperando-o, e íamos para casa felizes eu e ele. Esse pequeno fato, que me acontecia todas as quartas feiras muito me alegrava. De vez em quando, eu aproveitava o tempo que me sobrava nesse dia, e ia a Rua

Teodoro Sampaio comprar roupas para meus filhos. Meus filhos iam comigo. Andávamos muito pela rua a procura de algo que eles queriam. Como era bom andar pela Teodoro Sampaio! Hoje sempre que vou nessa rua, tenho lembrança dos momentos felizes vividos com meus filhos pequenos. Durante alguns anos, morria de saudades de minhas crianças quando elas eram pequenas. Sentia que as crianças quando são pequenas davam mais importância as mães do que quando adolescentes e adultos. Agora que tenho netos, não sinto saudades deles pequenos, sinto saudades de meus netos. Porém posso matar as saudades de um deles uma ou duas vezes por semana. O outro fica comigo todos os dias das nove às onze horas de segunda a sexta. Cuido dele para minha filha trabalhar.Ele tem apenas nove meses. Nem é preciso falar que são maravilhosos meus dois netinhos.