PRONTO SOCORRO, PRONTO ATENDIMENTO

Estava eu hoje cedinho à espera do médico que iria me submeter à ultra-sonografia do abdômen, pois sentia dores no rim direito e incômodo ao urinar, características duma crise renal que, pelos meus “cálculos”, estava se prenunciando. Ao longo da minha vida já passei por várias e conheço bem o grau de sofrimento dessa cólica. Segundo opinião de muitos médicos, é a segunda pior dor que o ser humano pode suportar. A primeira delas é a dor do parto.

Logo, adentrou a recepção da clínica um rapaz dos seus vinte e oito anos, seguido pela mãe alvoroçada, o qual gemia de tanta dor. Segurava ele uma garrafinha de água mineral na mão direita, enquanto a esquerda esfregava a região lombar do outro lado. O moço estava lívido com as dores, reclamando, exigindo a presença de um médico qualquer. A recepcionista indagou sobre seu plano de saúde e ele, aflito:-

“- É particular, moça! Não tenho plano nenhum! Eu pago. Só quero ser atendido já, pelo amor de Deus! ...” – respondeu o mancebo em desespero.

Tentei acalmá-lo com algumas palavras, disse da minha experiência de muitos anos com essas cólicas, não obstante o fato de que há exatos treze anos eu não vinha sentindo mais nada. E agora, esse desconforto que parecia indicar mais uma crise. Que continuasse bebendo água natural (água pura, mineral não), que talvez umas 35 gotas de “Buscopan” aliviassem momentaneamente suas dores, etc , mas isso só o médico poderia lhe prescrever.

Aí ele perguntou à recepcionista se não poderia deitar em algum lugar, na espera do médico. Ela respondeu que iria ver se teria alguma sala vaga, disponível, mas avisou:-

“- São duzentos reais, moço! Eu já trago o recibo, ok? ...” – isso mesmo antes do rapaz ter sido atendido.

Nesse ínterim eu fui chamado para fazer o meu procedimento e deixei o rapaz, seu sofrimento, sua mãe e a recepcionista por conta daquela situação. Logo vieram-me à cabeça os dizeres do meu filho caçula, o Daniel, médico-geriatra, falando com sua mãe, minha mulher, a Dona Mari sobre atendimento médico:-

“- Mãe, presta atenção, isso vale para a senhora e para o pai:- se qualquer um dos dois tiver algum problema de saúde, passar mal, etc., não pensem no seu Plano de Saúde, nos médicos que os atendem normalmente e nem procurem localizar-me, pois iriam perder um tempo precioso. Corram para um Pronto Socorro qualquer, o municipal (a cidade tem vários) ou o Pronto Atendimento da UNIMED, ali no Bairro Santa Efigênia, os quais estão aparelhados e capacitados a prestar socorro eficiente em quaisquer situações. Após isso, então, avisem-me e aos seus médicos, que vamos interagir e cuidar do restante, ok? Pronto Socorro é pra caso de urgência!”

Foi o lance do rapaz acima. Sem plano de saúde, ao invés de se dirigir a um Pronto Socorro foi logo buscar uma clínica especializada em problemas renais. Antes mesmo de lhe ministrarem algumas gotas de “Buscopan”, ou mesmo aplicarem uma injeção de “Buscopan associada com Baralgin” na veia, o que lhe aplacaria a terrível cólica renal na hora, a preocupação maior no atendimento era com o modo de quitação pelos serviços e a burocracia.

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B.Hte., 28/10/10

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 28/10/2010
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