ORELHÃO É ORELHA GRANDE!!!

ORELHÃO É ORELHA GRANDE!!!

Muitos sabem que sou avesso a celular, afirmo que ele serve, apenas,para controlar a liberdade e propagar a falta de educação. Falta de educação, sim, pois quando a conversa está no melhor assunto, ele toca e interrompe, grosseiramente.

Mas, certo dia, senti a necessidade de falar com minha namorada e, nessa hora, o celular me fez falta, mas não adianta chorar o que não tenho. Mas logo me veio a ideia de pegar emprestado o de um amigo e, assim, resolver tal problema. Conclusão! Meus amigos têm celular, mas não o tal do crédito para fazer a ligação. Legal! É o famoso celular pai de santo; eles mesmos apelidaram esse tipo de celular.

Para que me preocupar, penso, pois existem milhões de orelhões espalhados por aí e certamente não cobram a taxa absurda como a das operadoras. Gastaria bem menos e falaria com meu amor, à vontade; só precisaria de um cartão telefônico. Fui a uma dessas milhares de conveniências espalhadas pela cidade e comprei o tal do cartão. Com o cartão em punho, avistei o primeiro orelhão e com sofreguidão fui até ele. Quando coloquei o fone no ouvido, a decepção, ele estava quebrado. Não faz mal, fui até outro, mas nem o fone havia. Continuei andando e, novamente, outro quebrado, mais outro depredado, adiante outro arrancado etc. Andei a cidade inteira e encontrei apenas o mutismo espalhado.

O que fazer agora? Orelhão parece servir para abrigo de chuva (quando não arrancado), ou para enfeite naqueles mapas de hotel que só servem de mostruário. Já desiludido, encontrei um que me parecia intacto e em funcionamento, rsrsrsrsrsr... Estava pinchado e quebrado, e a frase parecia me ironizar: Êh, êh, peguei você, tô quebrado! Gritei na esperança de meu amor me ouvir; bradei feito um louco de raiva, xinguei até a oitava geração dessa empresa de telefonia. Quando, de repente, tive uma ideia. É melhor eu pegar minha motocicleta - Halley Davidson - e ir até o meu amor e falar ao pé do seu ouvidinho: Eu te amo! E, por causa de tanto descaso, quase fiquei sem declarar o meu amor.

MÁRIO PATERNOSTRO