o término
Ao final, não estava clara nossa situação, havíamos conversado brevemente tentando explicar o imponderável, estas coisas são assim: o tesão da primeira metida se vai e deixa-nos só com a pessoa, percebe-se ali não apenas uma vagina rosada, também sinais de vida cheia de problemas e experiências. Não podia compreender o que saía das entranhas de sua alma, os cumprimentos pelo escritório continuariam, chamá-la-ia de “linda” e admirar-se-ia de suas coxas grossas e brancas sob uma meia calça preta...isto é tudo.
Não pode-se exigir amor duradouro em nossos tempos, a boa lembrança do sexo era o que nos unia à todos. Pareceu não sofrer tanto, fumava e falava com seus dentes (os dois da frente) meio desalinhados à mostra: -Sabe é tão corrido....não tenho mais tempo pra você desculpe meu amor! Era uma negociação interessante, ambos desejávamos o rompimento, mas era penoso dizer com todas as letras, daí tergiversávamos sobre a rotina, os fóruns, os meios de transportes, filhos, família...
- Meu filho já anda sozinho e largou as fraldas e também não chora pela minha falta, preciso ser pai todos os dias, e decidi que exclusivamente viverei para este fim, compreendes minha pequena?
-Lógico,lógico....
O calor e a movimentação de colegas na entrada do escritório impelia-nos à um desfecho, colocar os termos do contrato, invocar as cláusulas do rompimento:
- Pois bem meu querido vou almoçar, depois corro para São Bernardo do Campo...
Beijamo-nos na face automaticamente, evitando mirar os olhos, ao que ela complementa: - Podemos ser amigos!
Achei graça nisso. Poderíamos ser bons amigos ainda! Uma pessoa conhece suas intimidades, seus órgãos... descobre que tenho o pênis levemente posicionado à leste e terminamos assim com um trivial: “podemos ser amigos”! Não cheguei a derramar lágrimas nem mesmo a ficar entristecido, no entanto, causou-me certa estranheza à ponto de narra-la aqui neste espaço.