Flutuo em plenos dias nublados
Queria dizer que sinto medo, mas não sinto, nem um frio de leve na espinha. Ando apenas atrasada, acho que meu corpo cansou do próprio ritmo, e fazer o que se algo assim acontece? Acho que pela quase certeza do não, pego-me a divagar a respeito dos detalhes do sim, imagino a ligação, o susto, as explicações, o silêncio ... A vida de plenitudes iria deslizar ladeira abaixo e eu teria novamente que sofrer pelos silêncios já que seria o retorno do velho enquanto eu apenas geraria o novo. Mas não, a verdade da verdade não deixaria isso acontecer. O poeta tem o dever de apenas de virar livro, meu conto foi finalizado, findado. A vida segue como nunca havia esperado, com carinho e abraços de quem eu nunca mais havia pensado. Flutuo em plenos dias nublados.
Na verdade, não tenho mais medo, de nada que me vier, já o tive, tenho é muitas dívidas, uma vida boêmia e desregrada, tenho antigas decorações em minha cama. Como antigas cartas que devemos afeições e prazeres. E em função do riso frouxo, não tenho mais o medo da solidão. O medo que devorava os meus pensamentos, que me tirava toda paz. Aprendi a reconhecer meus amigos e ando sorrindo cada vez mais leve, ando agradecendo a existência das terças. E na dúvida da semente, mais um azul entrará em minha coleção, um teste futuro, um bastão com poderes, um modelo que poderá moldar a minha história como eu nunca imaginei. E que venha os novos ventos e traga-me a resposta, negativa.