E quando eu te seduzir...

Sempre tive frases de efeitos quando se tratavam de novas conquistas, sussurrava devagar no ouvido dele com a doçura travessa que me era peculiar, sempre tive o dom de seduzir, a palavra certa na hora certa, o sorrio arteiro, sempre soube evocar o ato.

O ato para mim sempre foi o sublime, vulgarizei de tempos em tempos o seu uso, neutralizei os seus efeitos na busca de um pé quente para uma noite fria. Busquei o prazer como necessidade e ainda hoje saúdo os dias em que eu era inocente, que usava as minhas armas como capricho e não mais necessidade.

Entendo que tudo muda em questão de minutos, toda leveza acaba em um breve pensamento, o ato toma outra forma, e hoje em plenos trinta anos, tento recuperar minha sanidade, sinto falta de sussurrar ao pé do ouvido dele o fato de estar sem calcinha, de falar que seu beijo me excita, que seu cheiro me lembra desejo.

Sinto falta de eterno exercício de excitá-lo. Sinto falta de ter alguém que se anime com a brincadeira, de que embarque na devassa viagem, que tenha prazer de ouvir minhas seduções, que se assuste e envergonhe por mais eufórico que esteja. Sinto falta dos jogos de adulto, das entrelinhas, dos risos de lado, da cama na praia ou o ato em pleno banheiro. Sinto falta de ser arteira, de adolescer a beira – da inconseqüência do gozo, e principalmente das noites bem acompanhadas.