Mãos
Minhas delgadas mãos habilmente tecem letras sobe o papel. Os dedos, finos e compridos, seguram determinados o lápis. Essas mãos, que antes deliciavam-se com sua pele, com seu calor, hoje moldam palavras. Palavras certeiras, que buscam expressar toda a falta, toda a carência, toda a ausência.
Sua ausência, querido.
Minhas delgadas mãos passeiam coquetes por minhas curvas. No entanto, não causam prazer, apenas a tranqüilidade de um toque familiar. Os dedos, finos e compridos, perdem-se entre os negros cachos do meu cabelo.
Você não está mais aqui, querido.
As mãos trabalham. Através delas, descubro um novo mundo, novas texturas, nenhuma delas tão doce quanto a sua. Seus doces lábios, sua pele tão quente, nossos beijos entre risos, risos da mais pura felicidade.
“Amor, veja bem/ Arranjei alguém chamado Saudade”
*A música citada é "Veja bem, meu bem", de Marcelo Camelo.