imagem do google
ESTOU VENDENDO MEU VOTO!
Foi assim que ouvi da boca de um jovem de dezessete anos!
- Estou vendendo meu voto, é a primeira vez que estou votando e quem pagar melhor leva meu voto!
Fiquei indignada ao ouvir aquilo, um jovem tão menino ainda, começando a viver, falando em vender o voto, assim como se fosse uma mercadoria. Olhei pra ele estupefata e perguntei o que o levava a agir assim.
Ele me olhou, com certa cara de espanto e me disse:
- Que país a senhora vive?
- Porque está tão espantada?
Fiquei ali parada, olhando para aquele garoto humilde, mas que freqüenta a escola, que assiste televisão, que vê noticiário e confesso que senti um nó na garganta ao sentir a desilusão nos olhos daquele menino, descrente de tudo num país que tem tudo para ser o melhor do mundo.
Acho que por alguns instantes viajei nos pensamentos, tentando entender aquilo tudo que eu ouvia e que ele falava com uma naturalidade que me espantava, quando voltei a prestar atenção à conversa dele, ele continuou.
- Porque está tão espantada? Perguntou novamente.
E deu sua explicação.
-O que é vender um voto diante de tanta vergonha, sujeira e corrupção nesta política, principalmente nesta campanha para presidente da República vergonhosa que estamos vendo todo dia?
- A senhora percebeu que a única preocupação dos candidatos, que são aqueles que deveriam nos propor coisas boas para a gente ter um pouco mais de esperança, uma pouco mais de condição de melhorar de vida, de a gente poder estudar, se formar, ser alguém com mais cultura e saúde, acabar com a fome e com a injustiça social, só se preocupam em atacar um ao outro?
-E o pior, o nosso presidente, chefe da nação, que deveria estar cuidando do país, virou cabo eleitoral.
-To vendendo meu voto sim!
-Porque não adianta nada a gente votar, a gente depositar nossos sonhos em cima desta podridão que está ai.
Eu disse a ele que vender o voto é crime!
Ele então me respondeu:
- Crime?
- Crime é fazer o que estes políticos fazem com a gente, enganam, mentem, roubam e tudo fica do mesmo jeito, nada muda, ninguém vai preso, eles sim cometem crimes, eu não!
-Eles roubam até nossos sonhos!
Ainda um pouco assustada com tudo que ele dizia com uma firmeza que me impressionava, tentei argumentar, o quanto vale o nosso voto, que podemos sim, mudar nosso país com nossa opinião, e que nosso momento é este, nossa arma é nosso voto.
Mas, não houve jeito, ele estava irredutível, suas convicções eram pautadas na vida que a maioria dos brasileiros está vendo e vivendo no dia a dia.
Continuou me contando o quanto luta para trabalhar o dia todo ganhando um salário mínimo para sustentar a mãe doente e dois irmãos menores e ainda estudar a noite, como a maioria dos jovens da sua idade, que querem crescer na vida, mas a desilusão nos olhos dele era imensa e triste.
Senti pena, porque é um jovem como tantos, tão novo e tão desesperançoso quanto ao futuro do nosso país, sem crença e sem expectativas.
Ainda tentei mais uma vez, tentar fazê-lo mudar de idéia, falando a ele da importância do voto, mas sinceramente voltei para casa desiludida ao sentir o quanto é triste a perda da esperança e da ilusão, quando se tem ainda dezessete anos de idade!
Neusa Staut
25.10.2010
ESTOU VENDENDO MEU VOTO!
Foi assim que ouvi da boca de um jovem de dezessete anos!
- Estou vendendo meu voto, é a primeira vez que estou votando e quem pagar melhor leva meu voto!
Fiquei indignada ao ouvir aquilo, um jovem tão menino ainda, começando a viver, falando em vender o voto, assim como se fosse uma mercadoria. Olhei pra ele estupefata e perguntei o que o levava a agir assim.
Ele me olhou, com certa cara de espanto e me disse:
- Que país a senhora vive?
- Porque está tão espantada?
Fiquei ali parada, olhando para aquele garoto humilde, mas que freqüenta a escola, que assiste televisão, que vê noticiário e confesso que senti um nó na garganta ao sentir a desilusão nos olhos daquele menino, descrente de tudo num país que tem tudo para ser o melhor do mundo.
Acho que por alguns instantes viajei nos pensamentos, tentando entender aquilo tudo que eu ouvia e que ele falava com uma naturalidade que me espantava, quando voltei a prestar atenção à conversa dele, ele continuou.
- Porque está tão espantada? Perguntou novamente.
E deu sua explicação.
-O que é vender um voto diante de tanta vergonha, sujeira e corrupção nesta política, principalmente nesta campanha para presidente da República vergonhosa que estamos vendo todo dia?
- A senhora percebeu que a única preocupação dos candidatos, que são aqueles que deveriam nos propor coisas boas para a gente ter um pouco mais de esperança, uma pouco mais de condição de melhorar de vida, de a gente poder estudar, se formar, ser alguém com mais cultura e saúde, acabar com a fome e com a injustiça social, só se preocupam em atacar um ao outro?
-E o pior, o nosso presidente, chefe da nação, que deveria estar cuidando do país, virou cabo eleitoral.
-To vendendo meu voto sim!
-Porque não adianta nada a gente votar, a gente depositar nossos sonhos em cima desta podridão que está ai.
Eu disse a ele que vender o voto é crime!
Ele então me respondeu:
- Crime?
- Crime é fazer o que estes políticos fazem com a gente, enganam, mentem, roubam e tudo fica do mesmo jeito, nada muda, ninguém vai preso, eles sim cometem crimes, eu não!
-Eles roubam até nossos sonhos!
Ainda um pouco assustada com tudo que ele dizia com uma firmeza que me impressionava, tentei argumentar, o quanto vale o nosso voto, que podemos sim, mudar nosso país com nossa opinião, e que nosso momento é este, nossa arma é nosso voto.
Mas, não houve jeito, ele estava irredutível, suas convicções eram pautadas na vida que a maioria dos brasileiros está vendo e vivendo no dia a dia.
Continuou me contando o quanto luta para trabalhar o dia todo ganhando um salário mínimo para sustentar a mãe doente e dois irmãos menores e ainda estudar a noite, como a maioria dos jovens da sua idade, que querem crescer na vida, mas a desilusão nos olhos dele era imensa e triste.
Senti pena, porque é um jovem como tantos, tão novo e tão desesperançoso quanto ao futuro do nosso país, sem crença e sem expectativas.
Ainda tentei mais uma vez, tentar fazê-lo mudar de idéia, falando a ele da importância do voto, mas sinceramente voltei para casa desiludida ao sentir o quanto é triste a perda da esperança e da ilusão, quando se tem ainda dezessete anos de idade!
Neusa Staut
25.10.2010