CONCURSO PÚBLICO: CANETA, PAPEL, RACIOCÍNIO LÓGICO, COISA & TAL

Dia de concurso público, imagine-se nesta cena!

Acorda pela manhã, com aquela costumeira sensação de noite mal dormida, dor de coluna, gosto ruim na boca, leve enxaqueca (mesmo duvidando se existe enxaqueca leve), um humor sensibilíssimo (a ponto de um “bom dia” parecer uma forma sarcástica de dizer “que grande merda você está hoje”), tudo aparenta contrariar o seu estado de espírito.

Já são 11h, e sua prova começa às 14h. Por sorte, fará a prova em bairro próximo e o ônibus que por lá passa é o mesmo do ponto final que fica na sua esquina (nesta questão já se encontra um ponto positivo).

Você arruma-se devidamente, pega todos os utensílios que acredita serem necessários para realizar uma boa prova e os coloca em sua mochila (que geralmente, já vive lotada), chega no portão de casa, o dia está nublado, mas nem sinal de chuva (faz mais calor do que dia de céu aberto), você leva um guarda-chuva para não ter algum tipo de surpresa. Para sua sorte (não referindo se esta é boa ou ruim), sua irmã e namorada também estão prestando concurso no mesmo local, porém, em salas vizinhas.

Já no ônibus, começa a baixar aquela ansiedade de prova, você tenta desconversar o fato de sua mente querer debater sobre o alfa e o ômega com seu subconsciente, então propõe uma trégua entre eles. Para que estes assuntos altamente filosóficos e cansativos não desgastem todo o seu cérebro antes de realizar a proeza que pode mudar (ao menos financeiramente) a sua vida, você resolve observar a postura e aparência dos passageiros a sua volta.

Primeiramente, aquelas beldades que gostam de usar vestidinhos soltinhos (curtíssimos) em dia de ventania, você sente uma boa sensação, sente que tudo vai dar certo, sim! Coisas boas estão por vir.

Então, toda a realidade lhe traz de volta. Uma senhora puritana senta ao seu lado, acha que pode exorcizar seu espírito (acha que ele espera que meu corpo vague sem minha alma, porque sou assim, o reflexo do escárnio humano), mas você apenas sorri e finge que concorda com seus métodos para não começar uma discussão em pleno dia de prova.

Chegando ao ponto onde deve soltar, a motorista (mundo globalizado, as mulheres tem direitos iguais, então não seja ridículo em achar que pilotar uma bosta de um ônibus e fazer aquelas lambanças tradicionais de um profissional desta área é algo reservado apenas aos homens, e que mulheres são seres perfeitos que não defecam, nem ao menos liberam flatulências, sim elas o fazem, e a cagada desta lhe custou cem metros a mais de caminhada que não roubaria um pingo da sua paciência) deixou-lhe no ponto depois do que você puxou o sinal, coisa de motorista.

Subiu as escadarias do prédio onde prestará o concurso, no momento de adentrar a sala, para a verificação dos documentos, a pessoa treinada para lhe conduzir ao seu assento está nervosa por ser seu primeiro dia, que lindo! Algo não sai como esperado, normal!

Agora você está no seu lugar, pronto para realizar o inimaginável que tanto aguardava, até que para um dia de concurso não pareceu estar tão mal. Chega o momento, soa o gongo e começa a batalha pelo ouro (assim tem sido chamada a busca pelo primeiro lugar em um concurso, onde o competente pode se vangloriar de seu feito). A prova começa magnificamente bem, o assunto inicial, no qual está habituado a discutir por toda a sua brasileira vida está em pauta(futebol), como intermediário entre você e o conteúdo vigente.

Após esta primeira fase, você encontra-se com a matemática, a mesma que lhe aterrorizava nos tempos de colegial, o que lhe fez seguir o caminho da língua e formar-se profissional das letras. Na parte de matemática você se depara com o temido raciocínio lógico (uma mescla de pegadinha, com números e historinhas para bebês, mamães e papais dormirem), mas isto lhe custa muito tempo, e quando consegue escapar de suas armadilhas, o que mais precisa para manter a calma e concluir as questões específicas é exatamente o que mais falta. Tempo, tempo, tempo! Se pudesse você encheria um balde com muito disso, usaria em todas as ocasiões cuja coisa esquenta, o momento é este e cadê seu balde?

Apressou-se, “chutou” algumas questões para ter como terminar de preencher seu cartão resposta, respirou fundo e entregou ao fiscal de prova.

Depois que tudo isto passa, o que lhe sobra é gozar de uma boa overdose de pizza no famoso restaurante rodízio do bairro, rir de suas trapalhadas na prova e bater um papo muito gostoso na companhia de sua irmã e sua adorável namorada. Como é bom sair da rotina!

Ps: será que você tem chance?

Pandim
Enviado por Pandim em 25/10/2010
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